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Críticas

Cineplayers

Belíssimo e divertido, além de bastante engenhoso. Um bom filme.

7,0

O Ilusionista, quando foi lançado nos cinemas, acabou ficando em segundo plano por causa de O Grande Truque, filme de Christopher Nolan que acabou sendo agraciado com críticas muito positivas e grandioso público. Já o filme de Neil Burger não foi tão bem recebido, e acabou tendo uma carreira muito mais curta que o – vamos considerar assim – rival. Agora que ambos estão disponíveis em vídeo, um pouco de justiça pode ser feita: O Ilusionista é tão bom ou, em alguns pontos, até melhor que o outro filme. E vamos ver o porquê disso a partir de agora.

Edward Norton interpreta Eisenheim, um pobre adolescente que, após ser cruelmente separado de um romance impossível com uma condessa, viaja pelo mundo com o objetivo de desvendar os grandes segredos da mágica. O roteiro brinca com o espectador ao exibir seus truques como uma mistura de realidade (através de apetrechos engenhosos) e fantasia (alguns truques nunca são explicados), e por isso ele pode afastar os céticos. O Ilusionista pede por credulidade, ou pelo menos por apreço à fantasia, para não ser mal interpretado. Apesar de explicar vários truques, muitos pontos do filme ficam simplesmente em aberto, como o final, que é um tanto quanto livre em interpretações.

Mas há mais do que uma seqüência de truques no filme. Temos, também, uma boa história de amor e um bom suspense. O clima macabro do teatro em que Eisenheim se apresenta ao público é no mínimo interessante. Infelizmente o par amoroso de Edward Norton é Jessica Biel, uma atriz muito bonita, mas que aqui é o ponto fraco de um bom elenco. A atriz ainda vai ter que trabalhar muito para se livrar do estigma de atriz de filmes adolescentes. Beleza, afinal, não é tudo, e infelizmente ainda é seu único ponto forte. Mas como dito, o restante do elenco é muito bom. Norton, como não poderia ser diferente, sobressai-se, até pelo fato de seu papel ser razoavelmente complexo – ódio, amargura, amor, mistério, são esses alguns ingredientes que ele apresenta muito bem.

Agora, não há como negar que, sem a excepcional fotografia (indicada ao Oscar – a única indicação do filme, enquanto O Grande Truque teve duas), O Ilusionista perderia praticamente todo o seu charme. A utilização de muitas sombras (como no já citado teatro de Eisenheim) e luzes suaves remete a um filme antigo, das primeiras décadas do século XX. E como este é um filme de época, esta foi uma decisão feliz da produção. Há cenários em céu aberto que são simplesmente magníficos. Não é a melhor fotografia de 2006 (ano em que foi lançado), mas é um ponto fortíssimo do filme.

Como não poderia deixar de ser, há alguns pontos fracos. O principal deles é a existência de clichês muito primitivos. O vilão (príncipe Leopold), por exemplo, é caricato demais, um personagem quase que totalmente unidimensional – sua única motivação é querer o poder durante todo o filme, ainda que para isso ele cometa vários atos estúpidos. O outro ponto fraco a ser citado é técnico. Apesar da estética apurada e o cuidado com os detalhes que a produção certamente possui, o uso da computação gráfica em cenas-chave do filme incomoda. Alguns dos truques de Eisenheim somente puderam ser demonstrados desse jeito, e infelizmente isso tira um pouco do charme e da fantasia que eles objetivavam. Ainda assim, pelo menos, esses efeitos em sua maioria são discretos.

O Ilusionista é um divertidíssimo filme. Possui muitas cenas belas e as interpretações de Giamatti e Norton garantem certa integridade artística ao longa-metragem. Não é tão sofisticado nem engenhoso quanto O Grande Truque, mas é tão divertido quanto ele, e muito mais belo de se assistir (vale lembrar que O Grande Truque também é dono de uma maravilhosa fotografia). Um belo trabalho que deve receber atenção mais justa agora que está disponível nas locadoras e não precisa dividir atenções com ninguém. Mais do que recomendado!

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | quinta-feira, 28 de Novembro de 2013 - 16:54

Os truques mais fantásticos enfeiaram o filme, que não deixa de ser muito bom

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