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Críticas

Cineplayers

Sem graça, provavelmente nem mesmo as crianças vão curtir.

4,0

Po, o panda mais fofinho do cinema (na realidade, não!), está de volta em Kung Fu Panda 2 (idem, 2011). Após o estrondoso sucesso do primeiro filme (sucesso inesperado, aliás), é claro que a Dreamworks, assim como todas as outras produtoras de animações americanas, iria querer faturar com uma sequência. Nos últimos três anos, o 3D estourou e aí estava a grande oportunidade de ganhar alguns milhões a mais, porém, o tiro saiu meio torto – embora vá faturar seus milhões com o público e, principalmente, em merchandising, a bilheteria surpreendeu novamente. Desta vez, porém, de forma negativa. O filme terminará sua carreira nos cinemas com aproximados 20% a menos em verdinhas. Isso sem considerar o 3D. E a inflação!

Bilheterias à parte, é lamentável notar que Panda 2 segue a cartilha exata da grande maioria das animações comerciais. Lamentável, mas previsível. Panda 2 não precisa apresentar personagens a seu público, e utiliza isso a seu favor injetando uma quantidade muito maior de ação (a maioria das cenas, vistas no trailer). E desde o começo do filme. Essas cenas, porém, são de pouca inspiração, apenas o clímax da obra tem valor que vai além de “ser bonitinho”: a conclusão é muito bela e emocionante (lembra Karatê Kid - A Hora da Verdade [The Karate Kid, 1984]). O problema é ter que suportar tudo o que leva até ela. Um teste de paciência até para os infantes (pelo que pude perceber na sessão em que estava presente), pois a ação é repetitiva (é difícil empolgar nos dias atuais com efeitos tão avançados nos filmes e games cada vez mais realistas), e o resultado dos embates é sempre previsível (como geralmente é) e as piadas têm pouca inspiração.

Por falar em piadas, elas limitam-se também ao óbvio: Panda é o principal guerreiro de seu clã, possuidor de habilidades de luta diferentes, porém, avançadíssimas. Mas, quando convém ao roteiro, ele transforma-se em um gordo preguiçoso e atrapalhado, e pode-se esperar avalanches de piadas sobre comida, preguiça e confusões proporcionadas por sua abrupta falta de habilidades físicas – lembrando: só quando convém ao roteiro. Assim, as sequências de ação tornam-se cansativas rapidamente. O filme também não tem muito critério no desenvolvimento de seus personagens: a tigresa do primeiro capítulo (dublada por Angelina Jolie no original), perigosa e mortal como fora apresentada naquela oportunidade, mostra-se apenas uma coadjuvante fraca, sem grande personalidade – quase um enfeite visual. Como todos os outros. É uma animação infantil, é verdade, mas dessa forma percebe-se a natureza puramente comercial do longa-metragem, um filme feito sem alma e sem coração, definitivamente não para permanecer em nossa memória e nem mesmo para concorrer ao Oscar de seu respectivo ano (embora a safra de animações americanas este ano está tão fraca que isso poderia vir a ocorrer).

Nas mãos da inexperiente diretora Jennifer Yuh, Panda 2 conta com o mesmo elenco de vozes do primeiro – novamente com Jack Black e Jolie à frente da equipe, com outros nomes de ponta de Hollywood complementando os “Cinco Furiosos”. Tudo cercado de técnica esplendorosa (as paisagens estão especialmente deslumbrantes, e os pêlos de Po são quase reais demais). Só que, em qualquer filme, quando a técnica prevalece e é o maior – senão o único – destaque, algo de errado há. Não que isso vá significar muita coisa: apesar de ter se saído abaixo do esperado nos cinemas, logo teremos a notícia de uma sequência (que é escancaradamente, de forma muito vulgar, sugerida ao final deste segundo capítulo). Panda 2 pode nem funcionar com infantes, o que, acho eu, é a pior das críticas.

Comentários (2)

C.S.C. - S.V.O. | terça-feira, 10 de Janeiro de 2012 - 16:42

Não concordo com seus termos, nenhum.

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