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Críticas

Cineplayers

Fuja deste que, apesar de ter uma boa idéia, foi extremamente mal trabalhado.

5,5

Realmente é um pouco difícil falar algo sobre “A Liga”, ainda mais se você gostou do filme... Parece estranho, não? Mas não é! Todos, sem exceção, durante uma exibição da película nos cinemas, possuem mil e um motivos – todos bem distintos – para não gostar do filme de Stephen Norrignton. Ao longo dessa crítica procurarei me ater a elementos da trama em si, expondo aquilo que não gostei e que eventualmente gostei.

A premissa do filme é ótima: um grupo de pessoas com poderes sobre-humanos é chamado para combater um inimigo conhecido apenas como “O Fantasma”, que procura obter armas “especiais” para vender a determinadas nações para que fossem usadas em guerra.. E é a partir daí que se dá o início das aventuras de Allan Quatermain (protagonizado por Sean Connery, de ‘O Nome da Rosa’) e sua trupe de heróis e anti-heróis.

O restante do grupo dos “extraordinários” é composto pela vampira Mina Parker (Peta Wilson, do seriado ‘Nikita’); um capitão dos sete mares, Nemo (Naseeruddin Shah); um homem invisível, Rodney Skinner (Tony Curran, de ‘Blade 2’); um agente secreto norte-americano, Tom Sawyer (Shane West, de ‘Drácula 2000’); um cientista maluco que se transforma em um monstro (Jason Flemyng, de ‘Rock Star’) e por um imortal chamado Dorian Gray, o personagem mais intrigante e interessante de todos, protagonizado por Stuart Townsend (de ‘Encurralada’).

Inspirado nos HQ’s de mesmo nome, A Liga trás uma história deveras interessante mas muito mal apresentada em todas as suas perspectivas ao longo da projeção. Adicionando apenas uma curiosidade das “estruturações” que foram feitas, por exemplo, ao filme: LXG (sigla comumente utilizada para o extenso nome do filme em inglês) é uma história típica da literatura britânica. Temendo que o filme não fosse bem aceito nos EUA, aconselhado pelos produtores, o diretor Stephen Norrigton acabou por decidir inserir o personagem de Shane West (o norte-americano) à trama para tentar conquistar a simpatia desse grande público não-europeu. Uma pena que tal tentativa comercial tenha se demonstrado mais frustrante ainda no aspecto que toca a trama da película: o personagem de West é absolutamente descartável.

Outra modificação passível de ser aqui comentada em relação ao HQ original (cuja fidelidade de transcrição para as telonas fora completamente arrasada), diz respeito ao personagem de Sean Connery, o caçador Allan Quatermain. Nos quadrinhos o líder do grupo era ninguém menos que Mina, a vampira. Entretanto, devido a um conflito de egos e a participação de um “peso-pesado”, Sean Connery acabou fazendo com que o enredo da trama tivesse que ser um pouco desvirtuado para que pudesse sentir-se bem com seu personagem. E pra piorar um pouco mais a situação, dizem as más línguas que o fracasso de crítica de “A Liga” deve-se, em grande parte, às grandes e constantes intromissões feitas por Connery no roteiro, “orientando” o diretor. E devido às atuais declarações descompromissadas do ator, somos levados a acreditar cada vez mais que tais fontes obscuras estavam de fato corretas.

Contudo, tivemos um nesse elenco (ou talvez dois) que se salvou (salvaram). Stuart Townsend, que interpreta o imortal Dorian Gray foi o que melhor se adaptou ao seu papel. O ator personifica perfeitamente o personagem, sua aparência, postura e estilo estão perfeitamente alinhados com as características e traços que o personagem dele deveria mesmo apresentar. Mina, a vampira, também está bem pelas mãos de Peta Wilson, mas não mais além disso. O personagem dela deveria ser um pouco mais contida e intrigante, mas ainda assim seu personagem não foi tão comprometido em relação aos “outros”. Quanto aos outros personagens, bem... Quatermain é previsível; Nemo é uma piada; Sawyer é dispensável; Skinner é invisível (desculpem o trocadilho com o homem-invisível, mas você realmente nem percebe que ele está atuando) e “O Fantasma” é um vilão bobo e patético.

Peculiaridades à parte, sempre é bom destacar que “A Liga” é um filme que não deve ser levado a sério, nem o próprio faz isso, como vemos no seu final, extremamente “non-sense”. Mas pra não ficar um final tão “bobo” assim, o diretor já vai dando pistas do que vai acontecer como, por exemplo, o “fraco barco” de Nemo, o carro ultra-moderno (ambos em pleno início de século XX) e o que dizer então da capa “voadora” de nosso vilão, “trash” até não poder mais... Mas ao contrário de outras películas como Tomb Raider, o filme não procura ser levado a sério mesmo e isso, para um filme desse “naipe”, conta como ponto positivo.

Os efeitos especiais da produção estão muitíssimo abaixo do esperado. A trilha sonora passa desapercebida também, infelizmente. Os efeitos sonoros agradam, mas os “elogios” páram por aí mesmo. O roteiro, diante de tantas alterações já citadas, sofreu ao longo de sua criação, ficou prejudicado, mas ainda assim não é nada de outro mundo. É bobo, mas fácil de entender. Há coisa pior no mercado.

Entretanto, talvez aquilo que tenha mais me aproximado tanto do filme deva ser sua premissa, que é excelente. Quem, quando criança, nunca sonhou com uma história como essa? Com esses mesmos personagens, nesses mesmos moldes? Enfim, no aguardo por uma superprodução com esse tema, “A Liga” serviu pra alertar sobre os “erros” comuns que podem ser distinguidos para uma produção que se lance a abortar tal tema, e isso já é um bom começo. Quem sabe daqui a alguns anos não encontremos um filme nesses moldes (devido ao advento dos filmes baseados em quadrinhos que estão saindo aos montes ultimamente) que possa ser verdadeiramente bom? Fica o desafio...

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