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Críticas

Cineplayers

Marcas da Violência traz Viggo Mortensen dando aula de auto-defesa num filme de David Cronenberg. Quem vota não?

9,0

O diretor canadense David Cronenberg criou uma carreira singular com filmes difíceis de classificar, utilizando elementos escatológicos e narrativas por vezes desconcertantes, ele parece ter criado um gênero para si mesmo que transita entre o terror, o drama e a ficção científica para falar do seu tema favorito: o corpo humano. Adicionando ao molho psicologia e comentário social, Cronenberg já é um dos maiores nomes do cinema, hora com o comercial, hora com o alternativo, mas mantendo-se íntegro. Marcas da Violência não foge à regra.

Trazendo um grande elenco liderado por Viggo Mortensen (numa inteligente escolha de carreira após o sucesso de Senhor dos Anéis), Marcas da Violência toca em temas tão em voga em tempos de desarmamento mas vai um pouco mais além, baseado na graphic novel de John Wagner e Vincent Locke, conta com certo estilo de quadrinhos a história de Tom Stall, um homem comum que mata dois bandidos tentando defender sua lanchonete e vira herói da cidadezinha onde mora, mas o incidente traz à tona seu obscuro passado e o força a enfrentá-lo. Cronenberg não escolhe um caminho sutil, mas que funciona perfeitamente, no início a aparente felicidade é tamanha que expõe o delicado equilíbrio emocional de Tom e sua família, criando um clima imediato de desconforto e acentuando o contraste entre as cenas de violência, intensas, que não poupam os espectadores de detalhes escabrosos.

Mas não é um filme gratuito, quando o mundo de Tom entra em colapso tudo o que acontece está justificado. Cronenberg conduz o filme com excepcional controle e mantém o espectador atento, sendo frequentemente provocado a reagir, seja com indignação ou prazer. As performances do elenco estão excelentes, em especial Viggo e Maria Bello que vão da fragilidade a intensidade e devo dizer, a performance dos dois na cama é de uma naturalidade pouco vista no cinema americano. William Hurt está atípico num papel caricato mas que não diminui sua presença nem o filme. A câmera de Cronenberg é despojada de estilismos mas ainda assim possui imagens que dificilmente saem da memória, é um filme que diverte e força o espectador a se enxergar na tela pois, assim como os personagens do filme, a violência parece estar sempre à espreita, pronta para saltar nas nossas vidas e modificá-las.

Há quem diga ser esse o filme mais comercial de Cronenberg, é talvez o com a narrativa mais direta e ágil, mas além do elenco de estrelas (que inclui ainda Ed Harris), o que se vê é essencialmente Cronenberg, o carnal está representado tanto pelo sangue quanto pelo sexo que são parte integral dos personagens, como meio que os move e justifica seus atos, além disso o seu estranho senso de humor também está presente, o que certamente vai causar desconforto em espectadores comuns, desacostumados a um cinema mais ousado e pessoal.

Comentários (2)

André Sandes | quarta-feira, 10 de Julho de 2013 - 09:38

Filmaço!!!!!!!!!!!!!!!!

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