Apenas vai criar tensão para quem viu poucos filmes do gênero.
Era uma vez um lugarzinho no meio do nada. Lembrando que se trata de um filme de terror, junte a esta localidade, rodeada por absolutamente coisa nenhuma, mais um ingrendiente básico para o gênero. Uma família em mudança, formada por uma criança pequena que consegue ver espíritos e uma adolescente, contrária à saída da família da antiga residência que, também, sofre com a existência de fantasmas na nova casa. Claro, ela será desacreditada pela família que, mais tarde, perceberá o erro cometido ao duvidar da palavra da garota. Ou seja, você já viu esse filme, mas com outro nome.
A história nos apresenta a família Solomon, que está se mudando de Chicago para Dakota do Norte, nos Estados Unidos. Com o propósito de passar a se sustentar com o plantio de girassóis, os Solomon se instalam em uma casa na qual os antigos moradores desapareceram há anos. Mas a tranqüilidade aparente do local começa a desmoronar quando o filho mais novo da família, Ben, de três anos, começa a enxergar espirítos pela casa. A filha mais velha, Jess, de 16 anos, começa, aos poucos, a perceber a presença incômoda desses espirítos, que, por sua vez, começam a ficar violentos. Enquanto os filhos tentam conviver com o medo, os pais demoram a constatar que, de fato, algo está errado na nova casa.
Apesar de todos os clichês presentes em Os Mensageiros, seu início dá um alento de esperança, como se o filme pudesse, talvez, escapar das armadilhas do gênero. Talvez, tenhamos essa impressão pelo fato de sabermos que a dupla de diretores vêm da Ásia, continente que já se especializou em produzir boas histórias de terror. Os irmãos Pang - Danny e Oxide - pela primeira vez dirigem um filme falado em inglês. Além dos diretores serem orientais, a esperança de que a produção possa ter como resultado um saldo positivo cresce ao ouvirmos a musicalidade da trilha composta por Joseph LoDuca. Porém, mais tarde, percebe-se que a trilha é uma das responsáveis pelo saldo negativo do longa. A última gota de esperança surge com o bom trabalho de David Geddes, diretor de fotografia. A iluminação, tanto interior como a exterior, merece um reconheciemento pela qualidade apresentada.
Depois de ter alguns motivos para se simpatizar com Os Mensageiros, tudo vai sendo, aos poucos, jogado no lixo. É deprimente quando um filme de terror, como forma de assustar o espectador, precisa recorrer ao auxílio da trilha sonora, que assusta com barulhos de impacto. O pior de tudo é que a dupla de diretores sabe, pelo menos na teoria, que o silêncio é a melhor arma para criar uma atmosfera sombria. Cenas longas, angustiantes, com pouco barulho, são imbatíveis para fazer o espectador não agüentar o nervosismo. Este ano, em seu suspense policial Zodíaco, o diretor David Fincher deu uma aula de como uma atmosfera aterrorizante pode ser criada. Estou me referindo à cena em que o cartunista encontra-se no porão de uma casa, acompanhado por um dos suspeitos de ser o serial-killer. Há tempos uma cena não conseguia deixar o espectador tanto tempo com a respiração presa de tensão. E é justamento isso que esta produção não consegue. Se as primeiras cenas com a presença do sobrenatural, como a cena da colher, transmitem a tensão desejada, depois de um tempo nada mais é capaz de nos fazer fechar os olhos para evitar sustos.
Os Mensageiros presta sua homenagem ao mestre Hitchcock em cenas que lembram, e muito, as seqüências presentes em Os Pássaros. Aqui são os corvos. Eles são uma figura constante nas cenas do filme dos irmãos Pang. É justamente essa ave a responsável por dar sentido ao título do longa-metragem. E elas acabam sendo uma das poucas coisas interessantes da produção. Figuras naturalmente assustadoras, os corvos nos deixam sempre em dúvida se, neste caso, estão representando o mal ou o bem. E só no fim teremos a resposta para essa dúvida.
Enfim, esse novo terror que chega aos nossos cinemas não vale o ingresso. Além dos corvos, a única coisa merecedora de registro, e uma das poucas realmente assustadoras do filme, é o dedinho indicador de Ben – semelhante ao do garotinho de O Iluminado. O menino consegue, ao apontar seu dedo para algum lugar, deixar todos em pânico à espera de espantos. Mas, nada que perdure por muito tempo. Concluindo, está é uma obra clichê e mal executada.
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