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MIB: Homens de Preto - Internacional

(Men in Black: International, 2019)
5,1
Média
57 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Identidade perdida

5,0

O mito dos homens de preto confunde-se com as próprias histórias de teorias da conspiração da ufologia. Desde as décadas de 40 e 50, quando surgiram as alegações de objetos voadores não-identificados, vieram também os boatos da visita de homens vestidos em ternos pretos, alegando trabalharem para agências governamentais secretas e tomando medidas contra as testemunhas de eventos alienígenas, visando proteger o grande público do que deveriam não conhecer.

Inspirado nisso, o roteirista de quadrinhos Lowell Cunningham lançou em 1990 a sombria série de quadrinhos The Men In Black, sobre agências governamentais que patrulham eventos paranormais e eliminam testemunhas. Em 1997, estreava no cinema a série MIB - Homens de Preto, onde Will Smith e Tommy Lee Jones interpretam a dupla de agentes Jay e Kay, que "protegem a terra contra a escória do universo" em um filme que mudou o enfoque e suavizou a mídia original. O resultado foi uma trilogia, um seriado de televisão e agora o reboot MIB - Homens de Preto: Internacional, protagonizado por Chris Hemsworth e Thessa Thompson, a dupla de sucesso de Thor: Ragnarok, que caíram nas graças dos fãs como o duo Thor e Valquíria.

Dirigido por F. Gary Gray (Straight Outra Compton: A História do N.W.A.), o filme é uma abordagem bastante genérica do carismático trio de filmes realizados por Barry Sonnenfeld, que mesmo com seu perfil "família" não dispensava certo humor diferenciado, seja na comicidade repulsiva do alien interpretado por Vincent D'Onofrio no primeiro filme ou em sacações vagamente filosóficas nas icônicas conclusões.

O filme narra a história da agente M (Thessa Thompson), seu ingresso na corporação secreta após descobri-la por conta própria, e do pretensioso e irresponsável Agente H (Chris Hemsworth), protegido pelo chefe “High T” (Liam Neeson) e sua busca por impedir que uma dupla de invasores espaciais ponha as mãos em um mecanismo tão poderoso que poderia destruir um planeta inteiro com facilidade. Nesse sentido o filme acerta em não se aprofundar muito em nenhuma raça alienígena (afinal, elas existem aos borbotões), usando as diferentes características de raças e culturas diferentes da nossa como mecanismo narrativo para extrair graça, o que sempre foi um mecanismo muito funcional da série.

Porém, é bom observar que em outros aspectos, o filme ou satura o espectador ou simplesmente falha: nos é apresentado um plot twist - mais um - sobre identidades secretas, uma técnica narrativa que dá origem a muitos momentos capengas do cinema recente, parecendo o final ser um arremedo do seu desenvolvimento e não um pico. Algumas participações de destaque são participações de uma piada só - como as participações de Emma Thompson fazendo comentários sarcásticos sobre representatividade feminina e Rebecca Ferguson em uma sequência se estendendo bem mais que o necessário. Kumail Nanjiani como o pequeno Pawny cumpre a função que era de Frank, O Pug, nos outros filmes: é um tagarela engraçadinho e frequentemente irritante. Cumprea a função mas, se pensarmos bem, já foi um terreno explorado demais e esse exemplo em particular não acrescenta muita coisa.

Thompson e Hemsworth funcionam mas parece algo mais “contrabandeado”, aproveitando-se de um sucesso anterior para tentar tornar os dois uma espécie de Jack Lemmon/Walter Matthau ou Gene Wilder/Richard Pryor. É legítimo para tentar alavancar a bilheteria, mas também é bom observar que nesses filmes de duos, trios ou grupos cômicos, a trama importa menos que as presenças carismáticas. Ou seja, nesse filme de MIB, importa menos o charme do universo sobre alienígenas vivendo entre nós e mais a presença dos atores.

Egresso de um filme realista e bem recebido sobre a história do rap e sua incubadora difícil em meio à violência urbana, Gray simplesmente some por trás do esquema de produção, assinando a direção mas sem contribuir muito no posto que assume, conduzindo de maneira burocrática o roteiro de Art Marcum e Matt Holloway, responsáveis por darem início ao MCU com Homem de Ferro, que comprovam serem um tanto roteiristas de uma nota só, repetindo bastante grande parte das qualidades e vícios de seu filme mais famoso.

Caso tenhamos uma franquia nova de Homens de Preto, podemos dizer que, se antes adaptada dos quadrinhos para ser mais palatável a um público mais jovem, os agentes atuais tentam vestir ternos para tentar dialogar com a atual juventude, sem se preocupar necessariamente com o que fez da franquia se firmar como um projeto consistente de entretenimento e transformando tudo em um produto medíocre e esquecível. Se não viu, não é para esperar uma tragédia - mas também não é para esperar muita coisa.

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