Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Apesar de agradável e com boas interpretações infantis, Mimzy não sabe definir muito bem seu público-alvo, tornando-se um filme mais fraco do que poderia ser.

5,0

Mimzy – A Chave do Universo é um quase agradável filme infanto-juvenil. Dono de um roteiro bonitinho e de uma mensagem sincera, Mimzy mistura elementos de ficção-científica com uma espécie de aventura familiar, resultando em um filme no mínimo ligeiramente original. Se o resultado não foi superior ao que poderia ser é porque o filme não consegue definir muito bem seu público-alvo: há uma boa seção do filme que somente deve interessar a espectadores adultos. E, nessa indecisão entre ser um filme infanto-juvenil ou adulto, Mimzy carece de personalidade definida, o que tira a força do longa-metragem.

O filme começa em um futuro distante (e com um cenário florido estonteante). Somos apresentados à história de um cientista que deseja salvar a humanidade, e para isso envia vários artefatos ao passado na esperança que a nossa sociedade dos tempos atuais os entendam e os retornem ao futuro com as informações genéticas necessárias para “limpar” o DNA das pessoas daquela época. Os artefatos, que incluem pedras que aparentam ser mágicas e um ursinho de pelúcia que se comunica com algumas pessoas, vão parar nas mãos de dois jovens irmãos da família Wilder, que vão descobrindo os poderes especiais desses objetos aos poucos, surpreendendo a todos.

Isso foi só um arranhão do principal que o roteiro tem a oferecer. Em determinado momento até o FBI entra em cena (liderado por um Michael Clarke Duncan deslocado em cena), e a história fica mais intrincada. Dessa forma, o que é vendido como filme infantil (ele chegou com muitas cópias dubladas aos cinemas brasileiros, e o cartaz infantilizado não deixa mentir que o objetivo dos produtores era atingir esse público-alvo) acaba sendo muito complexo para crianças e pré-adolescentes e ingênuo demais para os adultos, pois a parte científica do longa-metragem é simplesmente medíocre. A única coisa positiva seria a mensagem da necessidade de se preservar o mundo em que vivemos. Batida, mas apresentada de forma sincera e que certamente funciona.

Os efeitos especiais são bem primários, mas funcionam bem para a proposta do filme e em momento algum incomodam a experiência. A fotografia é recheada de belas paisagens; além do campo florido que citei acima, há ainda uma linda praia que serve para os fins-de-semana da família Wilder. Não há destaques na direção de Robert Shaye, mas o diretor conseguiu dar um ritmo agradável ao limitado roteiro. As crianças estão especialmente muito bem, dando credibilidade e sabendo lidar com efeitos especiais logo em seu primeiro grande trabalho no cinema. A menina, Rhiannon, interpretou Betty como criança no filme Hulk, de Ang Lee. Normalmente sou chato com interpretações infantis, mas neste caso não há ressalvas.

Mimzy fez carreira razoável nos cinemas norte-americanos e passou praticamente batido pelos cinemas brasileiros. A história teria grande potencial se tivesse abandonado o tratamento infantil e sido mais auto-importante, ou seja, levada mais a sério, porém isso seria uma decisão comercialmente ruim. Do jeito que foi lançado, o filme ainda consegue ser agradável, mas ficou bastante dispensável. No meio de filmes mais interessantes e melhores para o seu público-alvo (como Ponte para Terabítia), fica uma recomendação como segunda opção.

Comentários (0)

Faça login para comentar.