Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Comedia dá consecutivos chutes na trave e mostra a péssima fase das 'produções para meninas'.

2,0

Dá muita tristeza ver um filme como Mulheres ao Ataque. Em primeiro lugar, porque não há ponto de partida qualquer que seja para uma crítica elaborada ou contextualizada, já que o filme só contribui para a chacota geral com estereótipos femininos (no roteiro) e a mixórdia no todo enquanto cinema (cinema?); e, em segundo, porque bate uma saudade danada do cinema que era feito nos anos 90 (e até nos 80) para as mulherzinhas do mundo. Meg Ryan "morreu", Julia Roberts e Sandra Bullock são mulheres sérias, Bette Midler e Lilly Tomlin hoje são senhoras... mas coisas como Harry & Sally – Feitos um Para o Outro (When Harry Met Sally..., 1989), O Casamento do Meu Melhor Amigo (My Best Friend's Wedding, 1997), Enquanto Você Dormia (While You Were Sleeping, 1995) e Cuidado com as Gêmeas (Big Business, 1988) ainda ecoam na nossa cabeça, coração e Netflix.

Misturando os dois gêneros que evoquei na homenagem às suas musas (os 'chick flicks' e as comédias 'screwball'; e isso porque não vou jamais ousar citar Sandra Dee e Doris Day), essa nova joça chega disposta a arrastar namoradas e esposas aos cinemas - e só. Além de transformar os ouvidos dos respectivos cônjuges em penico após a sessão, com acusações e desconfianças, o filme só tem outro dado a acrescentar: Nick Cassavetes finalmente se desliga da sombra do pai, o mítico gênio John, para se tornar um cineasta de quinta. Se começou pela porta da frente como cineasta com joias como De Bem com a Vida (Unhook the Stars, 1996), uma linda homenagem à sua mãe, Gena Rowlands, e Loucos de Amor (She's so Lovely, 1997), dando prêmio de ator em Cannes pra Sean Penn, o cineasta foi se pasteurizando até chegar nesse caça níquel declarado, veículo fajuto para Cameron Diaz voltar aos holofotes.

Pastiche da delicinha O Clube das Desquitadas (The First Wives Club, 1996), mas sem 80% do charme (até porque faltam Bette Midler, Goldie Hawn e Diane Keaton aqui), o filme mistura as ideias do filme com uma visão mais 'moderna' da guerra dos sexos, fazendo com que três mulheres se envolvam com o mesmo homem e partam para vingança contra ele ao se descobrirem mutuamente. Apoiado na beleza de Cameron, no talento de Leslie Mann e na voluptuosidade de Kate Upton (quem?), o filme só consegue juntar as três moçoilas mesmo. As milhares de pontas soltas do roteiro, a dispensa que a mais novinha sofre gratuitamente do filme (será que descobriram que a tal Kate era ruim e deixaram a menina só de enfeite, ou foi falta de star power mesmo?) e a total falta de qualquer mínimo traço de qualidade cinematográfica fazem com que o angu pareça ainda mais indigesto.

O que sobra? O carisma das meninas e (vá lá) algumas ceninhas que atrancam uma risada, aqui e ali. No geral, trata-se de um produto com um público muito específico, feito pra vender trilha-sonora (as pessoas ainda compram? eles acham mesmo???) e com situações bizarras que dificilmente se justificam ou têm qualquer coerência/graça. E que diabos foi a ideia de colocar a cantora Nicky Minaj no elenco?

Comentários (18)

Raphael da Silveira Leite Miguel | sexta-feira, 09 de Maio de 2014 - 00:54

Cara, depois de ler a crítica, acho que me poupou alguns minutos jogados fora em minha vida, huehuehue. E concordo que as comédias românticas à moda antiga como as de Meg Ryan, Julia Roberts e Sandra Bullock estão escassas. Elas pareciam tão fragéis, mas estão aí as atuais que me fazem ficar enganado e definitivamente enxergar a verdadeira fragilidade. E pensar que o diretor leva o nome \"Cassavetes\" e até teve ótimos trabalhos há um tempinho atrás...

Carol L. | sábado, 21 de Fevereiro de 2015 - 01:35

Na verdade esse filme é super ofensivo com todas as mulheres. Apesar da sinopse parecer ter futuro, o filme junta os piores tipos de estereótipos machistas sobre mulheres. E quase nenhuma piada tem graça - nem engraçado o filme consegue ser. Não consegui nem ver até o final, o filme é nojento mesmo.

Carol L. | sábado, 21 de Fevereiro de 2015 - 01:45

Também acho muito triste ler sempre certas coisas nas críticas do Carbone, como:
"essa nova joça chega disposta a arrastar namoradas e esposas aos cinemas - e só. Além de transformar os ouvidos dos respectivos cônjuges em penico após a sessão, com acusações e desconfianças"

Sinto falta da Josiane K, da Geo Eusébio. Agora todos os críticos do Cineplayers são homens. Seria bem legal se o site voltasse a ter participação feminina nas críticas.

Lucas Souza | sábado, 21 de Fevereiro de 2015 - 07:13

O filme é um lixo mesmo só salva alguns minutos pela delicia da Upton de biquíni...

Faça login para comentar.