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Críticas

Cineplayers

O baixo nível de QI do roteiro e de suas personagens impera em mais uma comédia romântica dispensável.

2,0

Há bem pouco o que dizer deste Nem Por Cima do Meu Cadáver. Dirigido pelo novato Jeff Lowell, que também escreveu o roteiro, trata-se apenas de mais uma comédia romântica com clima – e mesmo produção – de novelas baratas do México ou do Brasil. Paul Rudd, que faz o papel principal masculino, já havia se dado melhor com Ligeiramente Grávidos, mesmo no papel de coadjuvante. Completando o elenco principal, temos Eva Longoria Parker, em uma interpretação irritante de uma fantasma que volta para atormentar seu ex-noivo e Lake Bell, totalmente sem graça como o interesse romântico de Rudd. Jason Biggs nem vale ser citado com destaque, pois seu papel é tão constrangedor (“o amigo gay”) que é melhor que seus fãs esqueçam que participou deste filme.

Não sabendo muito bem para que lado atirar, o roteirista Jeff Lowell cria uma mistura de várias outras comédias e romances que Hollywood já nos apresentou. Sabendo também que o tema “vida após morte” geralmente chama a atenção, Lowell sugou um pouco da idéia de Ghost – Do Outro Lado da Vida (apenas para ficarmos em um exemplo mais recente, já que a idéia do par que morreu e acompanha o(a) amado(a) do mundo dos mortos é bem mais antiga que isso), misturando-a com um pouco de tudo e adicionando também piadas esporádicas (que funcionam apenas em 20% das vezes, sendo otimista). O resultado é um trabalho fraquíssimo e com cara de desgastado – sem uma ponta de originalidade.

Se pelo menos essa falta de originalidade fosse coberta por cenas graciosas ou divertidas, o público teria justificativas plausíveis para assistir ao filme. Mas não: Nem Por Cima do Meu Cadáver foi um fracasso nos cinemas, pois é tão genérico que sequer tem força para despertar o mínimo de interesse mesmo no espectador do gênero, que não costuma ser lá muito exigente. A maior responsável pelo quase-desastre é a personagem de Eva Longoria: fazendo o papel da “noiva-morta-ciumenta”, sua arrogância perante Ashley (Lake Bell) é detestável, principalmente pelo fato de sua personagem ser burra e estúpida como uma porta. As expressões repetitivas de Eva também não ajudam quando o assunto é identificação do público com a personagem.

É a burrice dela que faz com que ela não ouça as instruções da anja no começo do filme, ou seja, a burrice da personagem se faz necessária para levar adiante o fiapo de história – o que é constrangedor e deveria ter sido evitado pelo roteiro. A personagem de Lake também não fica muito atrás. No final das contas o filme é uma disputa de estupidez e burrice entre as mulheres do filme – e o pobre Henry (Paul Rudd) fica no meio disso tudo. Isso porque nem citei a personagem da irmã de Henry, ainda mais irritante que as duas outras. Lotado de personagens mentalmente limitados (como se somente a beleza bastasse para Rudd se apaixonar por Ashley), este portanto não é apenas um filme fraco em roteiro e dono de clichês colossais; é um filme que, para o bem de sua platéia, deveria ser evitado pelo nível de QI baixíssimo.

Sem grandes cenas para apresentar, já que mesmo o clímax, que consiste nas óbvias cenas corrida atrás da amada em um aeroporto e um posterior previsível casamento (por isso não me importo de ter escrito isso aqui como um grande spoiler), Nem Por Cima do Meu Cadáver pode – e, como foi comentado, deveria – ser evitado a todo custo. Há piadas esporádicas que divertem um pouco, e Paul Rudd parece ser um sujeito bacana (ainda que dentro de um personagem horrivelmente batido – o “cara legal mas deprimido”), mas de forma alguma o suficiente para salvar o trabalho no todo. A direção sem graça (que faz o filme ter cara de televisão) de Jeff Lowell só não entra na conta pelo fato de ser ele um novato como diretor, então entende-se um pouco as limitações nesse sentido. Mais uma comédia romântica desprezível – dessa vez, mesmo para quem é bastante fã do gênero. E considerando a qualidade do filme, creio que já falei demais.

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