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Críticas

Cineplayers

Uma das piores atrocidades do gênero terror dos últimos anos.

1,0

Existem casos em que um filme é tão ruim, mas tão ruim, que fica até mesmo divertido assistí-lo, e nossa impressão final acaba sendo positiva diante de um material que tinha tudo pra ser horrível. Fui assistir a No Cair da Noite pensando que encontraria essa situação. Eu já tinha uma idéia de como o filme seria: atores desconhecidos e ruins, roteiro esdrúxulo, feito às pressas e um tema totalmente desgastado. Então fui vê-lo sem expectativas, apenas como um mero passatempo numa semana que os cinemas não estavam passando mais nada de interessante. Mero engano: No Cair da Noite é sim, horrível como previsto, mas está num nível tão inferior, que nem diversão passageira ele proporciona. É tudo tão enjoativo, repulsivo, copiado, que a impressão que tive ao sair do cinema foi totalmente negativa. E não devolveram o dinheiro...

Para situá-lo um pouco melhor no contexto, No Cair da Noite é mais um daqueles “terrorzinhos” onde o bandido (no caso aqui, a fada dos dentes) passa o filme todo perseguindo os mocinhos (no caso aqui, um grupo de caipiras que, à princípio, riem da possibilidade de serem atacados por algo que era só um mito local – que vacilo, meus caros!). Filmes desse estilo já não assustam (com exceção de uns poucos fanáticos pelo gênero), desde que Pânico 2 foi lançado, repetindo a fórmula já repetida do Pânico original. O filme tenta criar situações de suspense e dar sustos totalmente previsíveis para quem já viu meia dúzia de filmes do tipo (e há várias dúzias disponíveis nas locadoras), utilizando o também previsível “som alto e repentino” para tentar surpreender os espectadores.

Mas No Cair da Noite não só não traz nada de inovador, como também consegue piorar tudo que traz de copiado. O filme até tem uma introdução bacana, mostrando a humilhação de uma mulher, que agora volta para se vingar na forma da fada dos dentes. Você sabe: algumas mães, quando seus filhos perdem o dente, colocam-no sob o travesseiro à noite para a fada dos dentes trocá-lo por uma moedinha. No filme, quem ousa olhar para a fada dos dentes, que possui uma máscara (na tentativa frustrada de criar uma nova moda, como aconteceu com a máscara encontrada em Pânico) por ter o rosto todo desfigurado, acaba se dando mal.

O filme tenta brincar com um elemento que seria muito interessante... Num videogame: a luz (aliás, o game Alone in the Dark: The New Nightmare já fez isso). A fada dos dentes só ataca sob a escuridão total. Um pequeno facho de luz, por mais fraco que seja, já pode prevenir ataques. Mas o filme emprega tão mal esse elemento, que essa própria regra é confusa dentro dele: em determinada cena, a simples passagem por uma parede com sombra, durante centésimos de segundo, acaba fazendo determinado personagem (um dos trocentos coadjuvantes-inúteis) morra; em outro momento, um grupo fica sob a escuridão total por vários momentos e nada acontece. Resumindo: o espectador nunca é levado à sério pelo roteiro, e o filme também nunca consegue criar uma atmosfera realista (dentro do possível para o tema, é claro), fazendo No Cair da Noite possuir a pior falha que um filme do gênero pode possuir: não ter clima! Aliás, outra falha do filme é não só não ter clima de suspense, como fugir, em sua maior parte, do gênero a que deveria pertencer: durante mais da metade de sua projeção, No Cair da Noite se configura como um filme de pura ação, com os personagens fugindo, desesperados, até a confrontação final, da fada dos dentes. Suspense e terror? Aqui não!

As atuações, claro, são risíveis, tanto para os adultos do filme quanto para as crianças que trabalham no filme, que já começam suas carreiras “queimadas” participando de uma produção tão mal acabada quanto esta. O filme foi um fracasso total de bilheterias por onde passou – às vezes, pelo menos, as pessoas entendem que não devem motivar os executivos a produzirem mais troços como este. Não há simplesmente nada que se salve: nem os efeitos especiais, que hoje em dia para um filme que não exige tanto quanto este, são fáceis de serem criados (e razoavelmente baratos), são bons. A trilha sonora é tão sem sal que você sai da sessão se perguntando se teve alguma trilha sonora no filme. Enfim, literalmente em todos os sentidos, o filme é uma perdição total.

No Cair da Noite consegue ser o pior lançamento nos cinemas deste novo milênio. E fica a recomendação para você, leitor: fuja! Se um dia você ver esse filme na prateleira de alguma locadora, simplesmente feche os olhos para ele, tenha um treco, mas não alugue. Infelizmente, com pouquíssimas exceções, o gênero suspense/terror não apresenta nada de interessante há muitos anos. Bons tempos da série Sexta-Feira 13 que não voltam mais...

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