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Críticas

Cineplayers

Mais um romance superficial e descartável para o gênero já muito saturado.

3,0

Filmes de romance e terror fazem parte dos gêneros que pior são representados no cinema atualmente, dada a qualidade duvidosa de vários exemplares de produções lançadas constantemente. A justificativa dos estúdios para tais lançamentos não poderia ser mais válida: existe demanda do público, e muita. E justamente pelos consumidores de cinema da contemporaneidade, tão pouco seletivos quanto a suas escolhas cinematográficas, encontramos constantemente filmes que são criados exclusivamente para àqueles nada criteriosos quando o assunto é cinema, que se satisfazem em ver em uma tela grande o que sempre é disponibilizado gratuitamente no horário nobre da principal rede televisiva brasileira. 
 
Noites de Tormenta é o típico “filme novela”, produção que se utiliza dos mesmos elementos melodramáticos e recursos fílmicos disseminados após ...E o Vento Levou, de 1939. Sem a mesma magnitude que o épico, obviamente, este filme coloca Richard Gere junto à Diane Lane mais uma vez, após protagonizarem juntos Cotton Club, filme esquecido de Francis Ford Coppola, e Infidelidade, de Adrian Lyne. Os atores vivem um casal que se conhece quando Adrienne, personagem de Lane, fica responsável por cuidar de uma pousada para uma amiga, quando o único hóspede do local é o rancoroso médico vivido por Gere, Dr. Paul Flanner.

O roteiro de John Romano e Ann Peacock privilegia o mais do mesmo que foi escrito no livro de Nicholas Sparks, romancista culpado por Uma Carta de Amor, Um Amor Para Recordar e Diários de uma Paixão, todos filmes adaptados de outros de seus livros. Sparks escreve as mesmas histórias há tempos, apenas mudando os personagens e as épocas, e sempre recorre às mesmas soluções para dar continuidade às suas tramas (cartas, amores improváveis, tragédias...). O casal de roteiristas, por sua vez, desenvolve os personagens principais de forma tão superficial que é difícil aceitar o envolvimento de ambos, que soa convincente apenas em pequenos momentos. Outra situação desnecessária no roteiro da dupla é o espaço destinado no desenvolvimento da história ao núcleo familiar de Adrienne, composto por seu ex-marido e por um casal de filhos. Assim como em outros filmes de temática semelhante (como em As Pontes de Madison), esses personagens servem apenas para aumentar a dúvida e o sentimento de culpa da protagonista por estar em uma relação fora de seu casamento.

Situações constrangedoras propostas pelo roteiro que são reforçadas pelo diretor George C. Wolfe, egresso da TV, são comuns e passam a acontecem ainda mais quando o casal inicia seu envolvimento, incluindo nesses momentos uma longa cena de sexo cheia de pudor e uma seqüência que utiliza a recorrente idéia da metáfora do corpo humano como espaço geográfico. Ainda sobre o trabalho de Wolfe, há certo didatismo e convencionalismo na forma que o mesmo desenvolve sua direção, sinais de que os anos nas produções televisivas não foram suficientes para seu debute no cinema. 

Um dos poucos méritos de Noites de Tormenta é a direção de fotografia, trabalho bem executado do brasileiro Affonso Beato, que passou a ser visado pelo cinema internacional após sua parceria com Glauber Rocha em O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro. Porém mesmo a fotografia sofre em determinados momentos pelo excesso de flashbacks utilizados na história, que quase em totalidade servem apenas para agregar tempo de duração ao filme e explicações desnecessárias (mais um demérito ao casal Romano e Peacock). 

Como se dois atores de renome em uma história romântica fossem o suficiente para assegurar a qualidade de um filme, Noites de Tormenta é mais um exemplo da produção que apela aos mesmos elementos tão comuns à outros filmes, sem torná-los criativos ou válidos em uma única seqüência sequer.

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