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Críticas

Cineplayers

Um filme que se concentra no realismo, mas que esquece do principal: contar a importante história por trás do fato.

6,0

Vocês já assistiram o polêmico A Paixão de Cristo, o novo filme de Mel Gibson (Coração Valente, O Patriota)? É realmente tudo o que dizem sobre a violência e um pouco mais, mas não achei nem um pouco anti semitista. Isso foi uma desculpa barata para que tentassem impedir a exibição do filme, o que acabou por acarretar um marketing positivo para o trabalho.

Das duas horas de filme, diria que uma hora e quarenta e cinco, uma hora e cinqüenta é só Jesus sofrendo, nada mais. A história foi deixada bem de lado mesmo para mostrar somente o seu sofrimento, captado perfeitamente do modo que Mel Gibson está acostumado a fazer em seus filmes. Somos atirados dentro do que está acontecendo e sentimos o mesmo mal que as pessoas que gostam de Jesus sentiam ao seu redor. É muita confiança também que todos que estejam assistindo ao filme ou conheçam bem a bíblia ou então fiquem curioso para procurar o porque daquilo tudo logo depois que o filme acaba, já que ele se limita a mostrar o sofrimento de Jesus e alguns raros momentos de sua felicidade.

Esses raros momentos são flashbacks de coisas que Jesus fez para ser crucificado, como a mensagem de amor, a ceia com os apóstolos, mas são cenas rápidas demais e meio perdidas dentro do roteiro - repito, só são reconhecidas por quem realmente conhece a bíblia. Mas como filme, ele peca nesse sentido, uma vez que não conhecemos profundamente o real valor de Jesus no mundo, não sabemos os motivos que levaram os Judeus a fazerem aquilo com Jesus, acabamos por tirar conclusões precipitadas sobre tudo - inclusive sobre o anti semitismo.

Se o roteiro tivesse se dado ao trabalho de explicar melhor os acontecimentos ao invés de se preocupar com o realismo do banho de sangue, o filme seria ainda mais forte e emocionante. Os apóstolos não tem quase função dentro da história (tirando Judas), a família de Jesus é muito superficialmente trabalhada (ainda assim, sua mãe tem a cena mais bonita e emocionalmente forte do filme inteiro) e acaba por ficar enjoado - não de mal estar, e sim pela repetição - de tudo o que está sendo mostrado ficar bastante tempo na tela, e em seqüências bem longas.

O elenco faz o que pode para ilustrar toda a dor. Monica Bellucci está maravilhosa mesmo com trajes bem simples e de expressão sofrida, provando ser uma excelente atriz sem que venha à cabeça filmes como Matrix Reloaded e Irreversível, seus trabalhos mais recentes. James Caviezel que interpreta Jesus está inacreditável, passando a paz que o personagem EXIGIA de maneira brilhante, seu modo de olhar, de se mexer, de reagir a tudo o que acontece ao seu redor... Mesmo com as limitações do roteiro, ele mostrou um talento incrível com poucos recursos e muito realismo.

Não aconselho A Paixão de Cristo para quem tiver estômago fraco ou é religioso demais com problemas de coração, pois realmente o filme é pesado e pode acarretar problemas. Mel Gibson não nos poupa de nada (não acredito que ele tenha exagerado, afinal, estamos falando de uma crucificação), mas esquece de contar a história. Ainda assim vale a pena ser conferido. Ah, quase esqueci de comentar, o final do filme é extremamente lindo e realmente passa um bem estar, ainda mais depois de tudo o que tínhamos acabado de ver.

Comentários (1)

Alexandre Baquero Lima | quarta-feira, 29 de Maio de 2013 - 07:29

pô... o filme é PAIXÃO de Cristo justamente porque foca no sofrimento, isso não é à toa.

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