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Críticas

Cineplayers

O grande destaque do filme tem nome e sobrenome: Marion Cotillard. A sua personificação de Edith Piaf é espantosa.

7,0

Piaf - Um Hino ao Amor é um filme feito para ser emoção pura. E, assim, ele funciona maravilhosamente. É difícil algum espectador se manter alheio à história trágica, aos desafios e sofrimentos incessantes que acompanham a personagem desde os primeiros momentos da sua vida até o derradeiro. Apenas uma pessoa insuportavelmente chata poderia barrar toda essa carga de emoção genuína e questionar o filme de forma racional. Pois bem, eis-me aqui para isso. Afinal, em meio a esse turbilhão de emoções, há alguns detalhes que impedem que Piaf (o filme) seja tão inesquecível quanto Piaf (a cantora) e se torne uma obra-prima. 

Os dois principais problemas da produção estão estreitamente relacionados. Um deles é a excessiva duração: são duas horas e vinte. Não seria nada difícil excluir (a cena da luta, por exemplo) uns 30 desses 140 minutos sem prejuízo algum à obra – ao contrário, com benefícios ao ritmo e ao roteiro. Aí surge o segundo problema: a tentativa de mostrar os dramas e as tragédias da protagonista passa do que seria natural. Parece que algumas cenas estão lá só para acentuar esse sofrimento, o que não seria necessário, pois ele já é grande o suficiente. A seqüência em que ela tem a amiga levada embora por policiais é um exemplo: fica solta no roteiro, só está ali para ser “um drama a mais”. A soma desses pequenos excessos são o ponto negativo de um filme que tem muito mais acertos do que erros.

Para entrar nos pontos positivos, é preciso dizer que o grande destaque tem nome e sobrenome: Marion Cotillard. A sua personificação de Edith Piaf é espantosa. Tudo funciona com a máxima naturalidade: os gestos, a voz, o olhar, a expressão corporal (sempre encolhida, voltada para si, parecendo temer qualquer exposição). Com essa enorme força visual, a composição da protagonista é simplesmente perfeita – uma mulher com medo das pessoas, de se aproximar, de se ferir, que consegue extrapolar tudo isso com espontaneidade, humor e uma voz que vai conquistando, um a um, aqueles que a cercam.

Voltando aos acertos do filme, na maior parte do tempo o drama consegue ser contado no tom certo. A parte inicial, quando ela ainda é menina, concentra maior carga dramática e é executada com rara habilidade. Em outro momento de grande emoção, o belíssimo epílogo fornece boa quantidade de lágrimas ao acender das luzes. Nesse instante, não são, no entanto, emoções vãs ou artificiais. A emoção é construída com lirismo e sinceridade. Pois, que há arte em Piaf, disso nem mesmo o maior chato pode duvidar.

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