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Predador: Assassino de Assassinos

(Predator: Killer of Killers, 2025)
7,0
Média
14 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Uma mitologia de brutalidade e sem grandes firulas (algumas)

7,5

Não deixe o título nada original e meio imbecil te enganar de cara. Ele tem uma motivação esperta para sê-lo. Mais uma entrada na franquia Predador e desta via animação. A Disney vai confiando aos poucos na saga e lança o material diretamente na sua plataforma. Mas há motivações mais óbvias para tal. É uma animação bem violentazinha. Parte do pressuposto de 3 estórias curtas envolvendo predadores e humanos em diferentes períodos históricos. Idade média com o Vikings; Samurais e Ninjas japoneses da Era Edo; Combatentes norte-americanos da Segunda Guerra Mundial. O posicionamento dos personagens em diferentes eras com conflitos absolutamente distintos mantém o interesse pela arregimentação da ação e violência diante do código já conhecido dos predadores e em como os humanos lidam com estas figuras em combate.

Obviamente que esta obra também comete vários cacoetes já anteriormente vistos noutros filmes da mesma citada franquia. O sujeito que é quase um pária entre os seus, mas extraordinariamente derrota o monstro desconhecido; o predador que maneja suas armas de maneiras estúpidas aqui e acolá; entre outros. E aqui não muita preocupação em escamotear estas coisas. O objetivo é entreter pela ação e sangue, além de apostar em novos elementos que enriqueçam a mitologia dos predadores. Isto funciona por conta de uma animação fluida, por vezes econômica, mas com traços poderosamente decididos. A vinculação do código específico dos predadores é bem estabelecida, e com direito a novas nuances. E cada estória por si mesma funciona bem independentemente da parte final, que busca justificar o todo. São três segmentos cada um com suas idiossincrasias positivas e negativas, mas que possuem personalidade o suficiente para sobreviverem. Até o tipo de predador empregado visa proporcionar um encaixe com cada período histórico retratado, seja o monstro gigante contra os vikings, o ser que se esgueira agilmente contra os samurais e ninjas, e o brutalizado por cicatrizes piloto de nave a lidar com as forças armadas no século XX. A serventia aqui tem função para enriquecer também os personagens humanos, que a seu modo vão passando por testes invocados culminando em momentos de vitória por sobre o desconhecido.

Até há estabelecimento de backgrounds de cada um dos humanos que justifiquem sua jornada, mas pelo menos isso é feito de maneira rápida e quase elegante. Sem avacalhar o ritmo e visando enriquecer os porquês e os comos dos protagonistas. E a movimentação de tudo isso é funcional e no geral bem objetiva. Quando a intenção é propor 3 pontuações diferentes, há espaços para estratégias de ação diversas em ambiente díspares – assim como em suas próprias e específicas eras históricas e espaciais. Isto é um facilitador para quem quer vender diversidade em forma de ação. Há esperteza desse projeto quanto a isso.

O esquema de junção dos 3 sobreviventes de suas respectivas eras, são lançados em conjunto num novo desafio de lutarem entre si para então confrontarem o Rei Grendel, que é o predador chefe (ou o caralho que o valha) dalgum clã destas criaturas. A justificativa da nomenclatura da fita tá aí. Os humanos se tornaram assassinos dos assassinos predadores. É uma questão de respeito hierárquica pelo desafio que deve ser levada em consideração dentro do esquema de código já citado. Nisso os chavões de não lutar para agirem juntos e outras firulas, obviamente vão aparecer no findar, assim como a alta proeminência dos humanos rapidamente darem conta da tecnologia alienígena altamente complexas a eles (esse clichê é quase obrigatório nos filmes da saga). O que ajuda a segurar tudo isso além da ação bem executada, é o carisma e interesse pelos personagens. Cuidados de maneira diferente cada e com suas disposições próprias para a ação especificamente. Por isso mesmo a execução de suas diferenciações soa tão grosseira e direta. A mulher Viking fodona que é bruta e usa um machado e um puta escudo pra estraçalhar tudo; o samurai/ninja (de origem e treino é um ninja, mas absorve espiritualmente a influência samurai do irmão morto) rápido altamente habilidoso com uma espada katana e metido a sábio; o combatente militar que entende de pilotagem e mecânica. Estas pinceladas de personalidade enaltecem estas figuras e ajudam a criar um vínculo espectatorial divertido. E vai montando um esquema arquetípico que sirva a narrativa.

A ação propriamente dita é engendrada de forma a estabelecer o funcionamento de cada excerto e em como o Predador da vez se comporta diante do que diabos os humanos estão a se digladiar. Dentro disto aposta na violência gráfica que já recorrente é na cinessérie, e agora com ares de um maior leque de oportunidades para tal. Vísceras expostas, membros arrancados e destruições diversas. E poderia ser ainda mais brabo se quisesse. No entanto, os combates ajustados em cada estória funcionam bem, e a junção dos três no fechamento acaba por estraçalhar de maneira orgânica. O material entrega o que promete. Ação e violência num espectro de esperteza com seus personagens dando uma profundidade mínima que seja para causar interesse. E a aposta final em aprofundar a citada mitologia predador é um acerto, já que abre novas possibilidades e guarda algumas surpresas. É um esquema processual frontal no derramamento de sangue e esperto quando aposta numa ação coletiva.

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