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Críticas

Cineplayers

Mais um ponto para Apatow e cia: sua última produção é uma das mais engraçadas de 2008.

7,0

Confesso ser fã quase que incondicional do chamado “Clã Apatow”. Os filmes dirigidos, roteirizados ou mesmo produzidos (como é o caso deste aqui) por esse maestro da comédia norte-americana raramente desapontam. É o ar fresco que o cinema do gênero precisava, após tantos anos de mediocridade (depois que os irmãos Farrelly passaram a fazer filmes mais fracos). É bom deixar claro que seu humor não é para qualquer um: totalmente americanizado, lidando com situações e tipos típicos dos Estados Unidos, seus filmes também são caracterizados por pornografia leve, linguajar vulgar (mas absolutamente realista) e exageros visuais que simplesmente não teriam como agradar a pessoas mais tradicionalistas.

Quase Irmãos, dirigido por Adam McKay (Ricky Bobby: A Toda Velocidade), é mais um exemplar perfeito dessa série de filmes que tem o dedo de Apatow. Antes, vieram, somente para citar três dos principais, Superbad – É Hoje, Ligeiramente Grávidos e O Virgem de 40 Anos. Esses filmes são quase sempre grandes sucessos nos Estados Unidos (alguns são verdadeiros arrasa-quarteirões), mas fora da terra do Tio Sam encontram público restrito, devido justamente ao fato de explorar de forma muito forte as características da cultura americana, com inúmeras referências que são perdidas na “tradução”. Então a regra geral aqui é: se você gosta dos filmes citados acima, e não tem nenhuma espécie de aversão a Will Ferrell (o ator tem muitos detratores), Quase Irmãos é programa obrigatório.

Confesso não ter rido tanto com qualquer outra comédia de 2008 como foi com esta aqui. Talvez o trabalho que mais se aproxime disso seja Trovão Tropical. Aqui, porém, não há a necessidade de ser conhecedor de cinema para aproveitar todas as nuances e piadas do filme. Basta preencher os requisitos citados acima. O roteiro escrito pelo próprio diretor em conjunto com o próprio Ferrell é extremamente feliz em criar situações incrivelmente engraçadas a todo o momento (o que garante, também, que haja muito mais do que você pode ter visto no trailer). É um filme de exageros constantes, já que o argumento, simples, é propício para tais situações. A história fala sobre dois adultos na casa dos 40, desempregados, que ainda moram com os pais solteiros. Estes pais acabam casando-se e os dois terão que aprender a conviverem entre si. Eles são rudes, vulgares e sua maior preocupação é... nenhuma! Eles vivem literalmente como crianças, só que sem a necessidade de ir à escola.

Obviamente todo o arco dramático desse tipo de comédia está lá: muitas piadas; um ato dramático; e um final alegre. Tudo muito previsível, e por esse motivo, entre outros, o filme nunca poderá ser muita coisa a mais do que o fato de ser simplesmente engraçado. Mas isso é mais do que o suficiente, já que Will Ferrell e John C. Reilly roubam a cena, apesar de aparentarem estar interpretando os mesmos personagens de suas últimas comédias. Também há quem não goste de Reilly em papéis cômicos, mas particularmente gosto de seu jeito crianção, que combina com muitos personagens que não poderiam ser interpretados por outro tipo de ator.

Há ainda a esperada galeria de personagens coadjuvantes que garantem que o ritmo das piadas seja praticamanente incessante, e a direção de McKay, enquanto não especial de forma alguma, é boa o suficiente para não estragar o roteiro engraçado, pois há agilidade nas transições e o diretor não tem medo de censurar cenas-chave, incluindo aí as envolvendo partes púbicas da dupla principal (em cenas que lembram o que os irmãos Farrelly faziam há 10 anos atrás). Apesar de não ser esse o tipo de comédia mainstream aqui no Brasil, o filme deve encontrar o seu público e garantir o bom nome de Apatow e cia. entre os amantes da comédia norte-americana, que agora têm novamente pelo que esperar.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | quarta-feira, 04 de Dezembro de 2013 - 18:04

Goste ou não, Will Farrell é um grande comediante, embora seu humor seja direcionado especificamente para os americanos.

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