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Críticas

Cineplayers

Os irmãos Coen voltam a fazer comédia com a cara dos americanos médios e aproveitam para desconstruir a imagem congelada de alguns atores hollywoodianos.

7,0

(Cobertura do Festival do Rio 2008)

Depois de toda a boa repercussão de Onde os Fracos Não Têm Vez, filme que consolidou a reputação dos Coen como diretores sérios, os irmãos voltam às raízes da comédia ácida, sem esquecer da violência sempre presente em seus filmes. Queime Depois de Ler discorre sobre a ambição e a moralidade fajuta que percorre a sociedade americana, numa trama que desenrola uma conspiração também fajuta e aproveita pra escrachar com alguns estereótipos do cinema comercial, como a importância da beleza estética dos atores e a seriedade com que eles tentam forjar suas imagens para fora dos filmes que fazem.

Reunindo num mesmo barco Brad Pitt, George Clooney, Tilda Swinton, John Malkovich e a musa mais presente na filmografia de Joel e Ethan, Francis McDormand, o grande trunfo desse filme são as boas atuações e as boas risadas que damos de nós mesmos e deles. Quando Osbourne Cox (John Malkovich) é despedido da CIA por seus ‘problemas de bebida’ e conta à sua esposa Katie (Tilda Swinton) que agora se concentrará em escrever um livro de memórias, ela toma coragem para pedir o divórcio e assim tirar do armário a relação que mantém com o policial canastrão Harry Pfarrer (George Clooney), que em 20 anos de profissão nunca precisou tirar sua arma do coldre. Enquanto isso, no núcleo sediado numa academia de ginástica, Linda Litzke (Francis McDormand) fica obcecada por transformar seu próprio corpo através de várias cirurgias plásticas. Para conseguir o dinheiro necessário pra isso, ela se junta a seu melhor amigo, o instrutor de ginástica - e bobo - Chad Feldheimer (Brad Pitt) para chantagear Ozzie Cox, depois de acharem um CD no banheiro da academia com números e informações que eles julgam serem arquivos confidenciais da CIA. Está dado o pontapé inicial a uma trama de espionagem e paranóia a respeito de uma conspiração sobre nada.

Os personagens vão se ligando uns aos outros das maneiras mais tortuosas, através da vida dupla que todos eles são obrigados a sustentar. O único que permanece sempre fiel a sua própria personalidade é o espontâneo Chad, cuja melhor cena é também aquela que guarda a virada da história.

Colocando galãs como Pitt e Clooney em papéis ridículos, assim como Swinton na desconstrução do glamour dessas mulheres perfeitas e independentes, como as de Sex And The City, o filme transborda ironia para todos os lados, divertindo através da ridicularização e identificação possível do espectador com as bobagens que cada um dos personagens comete, para nos mostrar como somos ridículos, sem precisarmos por isso perder nosso bom humor.

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