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Críticas

Cineplayers

Efeitos 3D encantam. E só!

5,0

Por mais óbvio que seja, parece impossível falar de Resident Evil sem passar pela relação cinema e videogame, tão comum no cinema contemporâneo. A franquia de filmes e jogos talvez seja a simbiose mais duradoura e bem sucedida desse gênero. Bem sucedida em termos de bilheteria – já que os fãs do game têm sérias críticas às versões cinematográfica da história. Resident Evil 4: Recomeço (Resident Evil: Afterlife, 2010) é o quarto filme da saga, que desde 2001 adapta de forma livre o jogo para as telas de cinema.

Mais uma vez, reencontramos a personagem de Alice (Milla Jovovich) lutando contra a mega corporação Umbrella, responsável por realizar experiências científicas com seres humanos e criar um poderoso vírus que transformou quase toda a humanidade em zumbis. Enquanto busca sua vingança, Alice também procura por outros sobreviventes não contaminados.

Apesar de algumas sequências de ação eletrizantes, o filme não acrescenta muito em relação a suas cenas de luta e de efeitos especiais. Da câmera congelada para ressaltar os movimentos mais espetaculares às carnificinas sanguinolentas, ficamos quase o tempo todo com aquela sensação de mais do mesmo. Mais de uma década depois de Matrix (The Matrix, 1999), é como se o filme se contentasse em requentar e sub-utilizar vários dos seus efeitos, agora já bastante desgastados.

A única diferença é que estamos no universo do cinema 3-D. Aliás, essa é a única justificativa para a existência do filme e para provocar algum interesse dos espectadores que não sejam fãs da séries. O filme, ao contrário de várias produções que mudaram ou converteram o formato de última hora, foi pensado para esta tecnologia. Assim, são exploradas algumas potencialidades do 3-D, como as paisagens monumentais do planeta destruído, os planos com grande profundidade de campo e as imagens cristalinas, de água e vidro atravessando a tela.

De resto, o filme deixa bastante a desejar. O roteiro é óbvio – mesmo os acontecimentos e reencontros que deveriam provocar alguma surpresa ou emoção são filmados com displicência. De certa forma, é como se a história não importasse. Quase toda a ação do filme parece despropositada. O que não deixa de ser bastante contraditório se pensarmos na lógica dos games: em que as fases se dividem como etapas de uma missão maior. Assim, cada trecho do percurso representa a superação de um obstáculo para o objetivo final. Não é isso que acontece no filme. A missão de Alice parece bastante abstrata: derrotar a Umbrella e encontrar sobreviventes. E o imperativo de grande parte do filme é a pura sobrevivência momentânea, sem nenhum plano de contra ataque organizado a longo prazo. Dispositivo da ação excessivamente momentânea que até poderia ser interessante, se o filme injetasse mais tensão as cenas.

Nesse sentido, mesmo a relação entre cinema e videogame é sub-aproveitada, tirando a inserção de alguns efeitos gráficos, é difícil acreditar que a origem da saga venha dos jogos. Nada de câmera acompanhando os personagens de perto, nenhuma projeção do espectador como alguém que controla um avatar e se desloca por um cenário. O máximo que temos é a presença de algumas figuras mutantes monstruosas com cenas de lutas que lembram o confronto com um chefão para se ter acesso a próxima fase. E o problema é que essa próxima fase, a sequência narrativa do filme, não parece importar em nada.

O final do filme deixa ganchos evidentes para mais uma continuação. E, apesar de todos os defeitos, uma certa curiosidade para saber o que vem a seguir: será que finalmente se travará um confronto definitivo? Ou, será que os personagens continuarão sem objetivos concretos apenas sobrevivendo ao filme, cada vez mais morto-vivos? Ficamos na expectativa por um próximo filme que não apenas se encante pelos efeitos do 3-D, mas que os utilize para construir uma boa narrativa.

Comentários (2)

Caio Ramalho | segunda-feira, 01 de Outubro de 2012 - 22:58

Mostrando mais uma vez que The Warriors é a exceção que comprova a regra quanto a deprimente lista de filmes vindos de jogos ou vice-versa...

Flavia Cristina | sábado, 07 de Junho de 2014 - 21:38

Adorei a crítica, é isso mesmo. Resident Evil é só ação e nada mais. Alguns dos muitos problemas desse filme: - Alice virou humana no inicio e continuou agindo como mulher maravilha no restante do filme - o que fez a menina K-Mart que não disse uma palavra? - por o tal Cris estava preso? se os próprios presos mais perigosos do que ele foram soltos? - a gostosinha que virou lanche de zumbi, qual foi sua função? - Claire demorou horas para recuperar a memória e K-Mart em questões de minutos (isso deduzi pelo fato dela ter ajudado Alice); - por que Wesker não comeu Bennett depois que ele chegou; aliás qual foi o objetivo dessa aliança? por que a Umbrella precisaria de uma policial fugitiva dos Stars (Jill Valentine)? o tal Luther, Carlos 2.0, tão inútil quanto esse outro....e pra terminar, o que era aquela aberração que atacou as moças no banheiro? Enfim, um filme que só serve para ação e passa longe da coerência. Personagens aparecem nos filmes apenas para nada, ir a lugar nenhum.....

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