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Críticas

Cineplayers

Angelina Jolie em mais um péssimo filme de ação. Alguma novidade?

3,0

Salt é uma agente da CIA que, no dia do seu aniversário de casamento, é acusada por um desertor russo de fazer parte de um programa de espionagem. Segundo ele, o plano era infiltrar crianças russas no lugar de americanas, e elas permaneceriam esperando sua missão por anos, décadas, até chegado o Dia X, em que um vice-presidente americano morreria, um presidente russo iria ao funeral nos Estados Unidos e os russos matariam seu próprio presidente. Salt passa a ser perseguida pelos americanos, tenta encontrar seu marido e provar sua inocência. Sim, essa é a premissa básica de Salt, novo filme de Angelina Jolie com pitadas de A Identidade Bourne, onde não sabemos se Angelina é russa ou americana.

Ok, tramas absurdas são marcas registradas dos filmes de espionagem. Não tem um James Bond ou Ethan Hunt que não tenha passado por isso. Mas Evelyn Salt abusa um pouco da boa vontade do espectador, seja por sua habilidade em saltar sobre caminhões em alta velocidade, escapar de situações impossíveis ou desarmar seus oponentes sem de fato matar ninguém, apenas com seu corpo-a-corpo. Com tantos tiros sendo disparados para todos os lados, algum personagem deveria ser atingido, mesmo que não fosse de propósito, mas por bala perdida.

Não que Salt seja uma super-mulher. Na verdade, ela apanha um bocado. Só os saltos dos caminhões já seriam o suficiente pra deixar muita gente de cama, com o corpo cheio de hematomas por semanas. Se a pessoa estiver com o peso mínimo gritando anorexia que Angelia Jolie manteve durante essas filmagens, não era pra sobrar osso sobre osso. Mas Salt sai com apenas um arranhão, literalmente. Nada que atrase muito os seus planos.

Ainda assim, muitos espiões passam por situações extremas sem sequer derramar seus Dry Martinis. O que torna Salt diferente? Bem, ela é uma mulher. E aí está de fato o maior trunfo do filme. Toda vez que Angelina fecha os olhinhos e grita “Onde está meu marido?” nós imediatamente queremos acreditar nela, um preconceito estabelecido por décadas e décadas de domínio masculino nos filmes de ação. Como se uma mulher implorando por seu marido não pudesse estar mentindo. Poucas atrizes conseguiram ser símbolos tão fortes em filmes de ação sem perder a graciosidade e a feminilidade como Jolie. Mesmo Sigourney Weaver na série Aliens, Linda Hamilton em O Exterminador do Futuro, ou mesmo Carrie Ann Moss em Matrix, arrebentaram em seus filmes, mas de uma forma masculinizada, e o diretor Philip Noyce parece saber bem o que tem em mãos. Salt produz bombas caseiras, escala paredes, bate em um número infindo de homens, mas também salva cachorrinhos.

E exatamente por brincar com essa dualidade na cabeça do espectador que o filme consegue divertir e divergir dos absurdos do roteiro. Torcemos por Jolie, mesmo quando tudo indica que não deveríamos, e isso não ocorre devido a uma identificação com a personagem. É puro carisma da atriz, somados a ação ininterrupta. Sem tempo pra questionar ou absorver o que está na tela, fica mais fácil se divertir com Salt.

Angelina poderia fazer história para as mulheres no que diz respeito aos filmes de ação. Poderia ser uma nova Jane Fonda em Barbarella, e tem todos os atributos necessários para isso. Seu único problema é não saber escolher os projetos, e entre os filmes de Lara Croft, Pecado OriginalRoubando Vidas e Procurado, está cada vez mais difícil achar a atriz que ganhou o Oscar por Garota, Interrompida. Só de carisma não se faz um bom filme, uma boa carreira, e no caso de Jolie, nem uma boa bilheteria.

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