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Críticas

Cineplayers

Um filme raso, praticamente sem méritos estéticos ou narrativos.

3,0

O Segredo das Jóias é um exemplar do chamado film noir que não deu muito certo. Não é por nada que jamais figura em listas de clássicos ou mesmo entre os melhores desse gênero. Apesar de ser dirigido por John Huston, conhecido do grande público por uma das maiores referências do gênero noir (Relíquia Macabra), O Segredo das Jóias é de uma pobreza geral que só traz frustração a quem lhe assiste na esperança de encontrar uma peça de bom cinema.

A história trata de um roubo de jóias arquitetado por um ex-presidiário, que recruta a equipe, põe o plano em prática e vê as coisas não darem tão certo como havia sido previsto. O roteiro não tem originalidade alguma (o assalto em si chega a ser risível de tão precário) e não desenvolve os personagens um centímetro sequer além da superfície. Na verdade, não são personagens, apenas seres que andam pela tela. Seus dramas, suas questões humanas são abordadas com frieza e artificialidade que, combinadas ao elenco incapaz, resultam de efeito nulo. Não há como acontecer empatia, sequer torcer para que as coisas dêem certo ou errado. O filme acaba sendo visto com indiferença – a mesma que é entregue ao espectador.

Falar das coisas que o filme tem é, na verdade, falar daquilo que não tem. Chama a atenção a total ausência de criatividade na produção: não há sequer uma prova de vida inteligente no roteiro, uma sacada visual que surpreenda, uma cena que mereça elogio. Além disso, não há aquele clima que costuma existir nos filmes do gênero, clima de sedução e certa canalhice – culpa do enredo pobre e das atuações, um tanto constrangedoras, dignas de vídeo de faculdade. Um exemplo, entre tantos possíveis, é o da moça apaixonada por Dix, que não consegue demonstrar carisma, tampouco dar veracidade ao seu sentimento. São personagens insípidos.

Para completar, a capa do DVD traz uma imagem de Marilyn Monroe, dando a entender que ela seria uma das protagonistas. Trata-se de bela propaganda enganosa; quem locar o filme na esperança de vê-la em cena terá de contentar-se com uma participação quase de figurante que não dura mais de cinco minutos em duas cenas. Enfim, quem quiser encarar O Segredo das Jóias deve ter em mente que irá se deparar com um filme raso, praticamente sem méritos estéticos ou narrativos. Talvez seja esse o segredo do título.

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