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Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, O

(Lord of the Rings: The Return of the King, The, 2003)
8,9
Média
1645 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

O Retorno do Rei mantém a qualidade da trilogia de Peter Jackson até o seu fim. Obra-prima!

10,0

Foi uma jornada de três anos para as platéias do mundo inteiro e uma de sete para Peter Jackson e sua trupe. O tamanho da empreitada que este até então quase desconhecido diretor teve que enfrentar só pode ser comparada a jornada do próprio Frodo, num irônico paralelo em que temos uma tarefa praticamente impossível de ser completada mas que tem final feliz.

A estréia de A Sociedade do Anel estava cercada de incertezas, o estúdio New Line fez um contrato com Jackson que só pode ser comparado ao que se fazia nos anos 60 e 70, onde estúdios apostavam no talento de seus diretores e lhes davam total liberdade de criação, de onde saíram clássicos como O Poderoso Chefão, onde cineastas como Stanley Kubrick e Martin Scorcese realizaram seus melhores trabalhos. Hoje em dia os estúdios se tornaram empresas e os filmes produtos, criados artificialmente para fazer sucesso instantâneo. Peter Jackson pode não ter a sofisticação de um desses diretores, mas tem uma visão, e melhor, sabe como transformá-la um filme. A Sociedade do Anel foi um enorme sucesso de público e crítica, o estúdio New Line não foi à falência e numa época em que efeitos especiais são sinônimo de filmes vazios, Jackson provou que se pode fazer um filme-espetáculo escapista sem perder o lado humano.

O Retorno do Rei conclui a trilogia com um raro caso de série que mantém a qualidade até o fim, Sociedade ainda é o meu filme favorito, talvez porque eu consigo me relacionar melhor com aventuras que envolvem poucos personagens do que com massivas batalhas onde milhares de anônimos que morrem como moscas, mesmo assim não dá pra negar a qualidade presente em cada detalhe de cada um dos três episódios, O Retorno do Rei ainda supera o segundo episódio onde este era mais fraco, em emoção.

O filme abre com um prólogo como já é de costume na série, desta vez temos a história de Sméagol, com o ator Andy Serkis agora em carne e osso, a descoberta do anel e sua trágica conclusão com o assassinato de seu irmão Deágol e sua transformação em Gollum, foi uma maneira interessante de começar já que ele tem um importante papel a desempenhar no final do filme e o prólogo serve como um fechamento no ciclo do personagem. Em seguida, o filme se apresenta semelhante ao segundo episódio (As Duas Torres) onde temos duas narrativas paralelas, a jornada de Frodo, Sam e Gollum para destruir o anel e a tentativa do resto da Sociedade com Gandalf, Aragorn, legolas e Gimli, de fazer frente à ameaça de Sauron que está para atacar a principal cidadela humana, Minas Tirith no reino de Gondor. Porém aqui Jackson se aperfeiçoou e a edição, que parecia feita às pressas no Duas Torres e deixou para o DVD estendido cenas importantes de alguns personagens, flui melhor e os cortes não incomodam tanto.

É engraçado dizer que um filme tão longo (três horas e vinte e um minutos), pode 'fluir melhor', mas acontece tanta coisa em O Retorno do Rei que realmente a sensação de passagem do tempo é menos cansativa e, apesar da batalha principal ser ainda mais espetacular e empolgante que a do Abismo de Helm, é nas atuações e caracterizações que reside a força deste último capítulo. O elenco continua afiado, Gandalf o Branco recupera um pouco do instinto paternal do Cinzento mas se revela um líder e é impressionante ver a vitalidade de Ian McKellen interpretando um personagem tão físico, Aragorn, Legolas e Gimli repetem seus papéis com a competência habitual e no restante do elenco, Theóden e Eowyn tem mais oportunidade de brilhar. Mas são os Hobbits que dominam o filme, em especial Sean Astin, sua caracterização de Sam é memorável e verdadeira, o que acaba ajudando inclusive Elijah Wood com o sofrido Frodo. Uma cena em particular eu achei especial, quando os dois se sentam numa rocha cercada de lava, com Mordor inteira explodindo em volta e trocam algumas palavras de conforto, era como se o mundo realmente estivesse acabando à minha volta tamanha a desolação e desesperança transmitidas na tela, assombroso. Merry em Pippin também possuem seus melhores momentos na série que, embora não tão poderosos quanto os de Frodo e Sam são convincentes e eficazes.

Nada é perfeito, e se você estiver realmente querendo encontrar defeitos vai encontrá-los, mas no final, não vale a pena. Se você deixar o cinismo e os preconceitos criados pelo livro de lado e se deixar mergulhar no filme, tenho certeza que vai valer a pena, pra mim funcionou. Frodo destruiu o Um Anel e Peter Jackson conseguiu transformar a detalhista obra de Tolkien em três filmes inesquecíveis, a magia é possível.

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