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Críticas

Cineplayers

Exemplo de filme em que nem mesmo um grande astro e um competente diretor conseguem salvar um roteiro mal desenvolvido.

5,0

Will Smith retoma a parceria com o diretor italiano Gabriele Muccino, após trabalharem juntos no drama À Procura da Felicidade, e aposta mais uma vez em seu talento dramático para interpretar Ben Thomas, funcionário da Receita Federal que decide ajudar a sete estranhos para se redimir de erros do passado.

Smith é um caso interessante do ator que cresceu tanto nos últimos tempos que tornou seu nome em sinônimo de bilheteria. Dois de seus últimos filmes, Eu Sou a Lenda e Hancock, arrecadaram tamanha quantia que mal foram lançados e já se ouviam menções à seqüências, ou prequels, no caso do primeiro filme citado. Indicado ao Oscar por Ali e por À Procura da Felicidade, não é de se estranhar que Smith continue a aceitar papéis dramáticos, mas as indicações ao grande prêmio não garantem necessariamente a qualidade no desempenho de Smith em seu último filme.

E o trabalho razoável do ator em Sete Vidas é apenas um de suas várias irregularidades. Escrito por Grant Nieporte, roteirista que tem dentre seus trabalhos episódios da série televisiva "Sabrina" (sim, a série da bruxa adolescente, que nada tem a ver com o filme homônimo de Billy Wilder), o roteiro do drama é o que mais deixa a desejar, uma vez que opta por sua desconstrução e a utiliza como forma de intrigar o espectador. Nieporte guarda muitas informações para o final de sua história, sendo uma delas a real intenção de seu protagonista por trás de suas ações, o que não garante que espectadores mais atentos não possam ir resolvendo as questões levantadas com antecipação, assim deixando a resolução do filme apenas previsível.

Se Smith por sua vez se esforça demais para ter uma atuação memorável, mas consegue parecer apenas descomedido em sua caracterização, duas interpretações valem o filme e até surpreendem, de maneiras diferentes: Rosario Dawson, bela atriz que nunca teve um papel suficientemente forte em suas mãos, faz de Emily Posa o grande destaque do filme, carregando sozinha todas as cenas que divide com o protagonista. Em contrapartida, Woody Harrelson, que já desperdiçou grandes chances de se mostrar um brilhante intérprete, desenvolve Ezra com simplicidade, impressionando por sua sagacidade ao desenvolver o introspectivo cego. A cena em que Harrelson e Dawson se encontram, no derradeiro final da produção, longe do pretensioso Smith, é um dos melhores momentos que o filme conseguiu desenvolver.

Se não quiser estragar uma possível surpresa, sugiro que pule para o próximo parágrafo.

A mensagem principal de Sete Vidas acaba por ser seu grande trunfo e, mesmo que não seja apresentada de forma completamente satisfatória, é um dos poucos pontos positivos do longa. A campanha no filme sobre a importância da doação de órgãos é o que se destaca, quando são apresentadas ao final da projeção as ações tão altruístas que o personagem de Smith tem ao longo da trama.

Apenas outro nome na produção, Gabriele Muccino não se faz notar em nenhuma cena do filme em particular, por desenvolver seu trabalho de forma demasiadamente simples e nada inspirada. Resta agora esperar pelos novos trabalhos de Smith e ver se ele é um dos grandes atores que aprende com seus erros, ou é daqueles que não se importa com os mesmos, contanto que continue atraindo milhões de pessoas para as salas de projeção, em filmes que colocam seu nome em tamanho proporcional ao título dos mesmos.

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