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Críticas

Cineplayers

O episódio mais anêmico da série até então tinha apenas um destaque: Jason enfrentaria uma rival à sua altura.

4,0

Após mais um intervalo pequeno entre o capítulo anterior e este (o que fazia lembrar quase uma linha de produção de filmes do assassino mascarado), a série Sexta-Feira 13 chegava, em 1988, certamente sem grandes pretensões, à sua sétima iteração. E, assim sendo, também sem grandes qualidades acabou saindo o produto. Este foi o episódio mais anêmico até então (o que não é a mesma coisa que dizer que foi o pior), pois as mortes são em sua maioria totalmente desinteressantes, excetuando-se uma que acabaria se destacando entre os fãs, envolvendo um saco de dormir (tanto que essa morte foi recriada em Jason X, mais de uma década depois).  Além desse problema, a sensação passada pelo fraquíssimo roteiro é a de um Jason sem personalidade alguma, ou seja, o resquício de individualismo que havia mesmo nos piores capítulos anteriores foi totalmente desintegrado, restando ao mascarado cenas pobres e aborrecidas.

E é a falta de suspense que define mais um capítulo da série como sendo de má qualidade (não que alguém esperasse que fosse diferente, obviamente). Apenas uma sequência, uma perseguição entre uma jovem e Jason no celeiro, tem certo grau de tensão. Nem o selo de restrição “R” que conquistou para sua exibição norte-americana fez com que algumas cenas potencialmente nojentas fossem exibidas, e os cortes do diretor John Carl Buechler ocorrem nos momentos mais críticos das cenas de morte, não permitindo ao espectador um choque maior. Falando no diretor, a sua inexperiência à época do trabalho não fez muita diferença, pois Buechler acabou entregando um filme não especialmente melhor nem pior do que a média que vinha sendo entregue até então, então todos os cacoetes bons e ruins estão também neste capítulo.

A história ousa menos que em episódios como o IV, onde Jason foi “morto” pela primeira vez ou mesmo do que no número V, que reservava uma surpresa final aos seus espectadores. Se há algum diferencial aqui, é o fato de Jason ter encontrado sua maior adversária até então. Tina tem o dom da telecinese, ou seja, consegue mover objetos com o poder da mente. Ela vai parar em Crystal Lake com a mãe e um médico, Dr. Crews, responsável por ajudá-la a entender seu dom e a livrá-la do trauma por ter culpa, em parte, pela morte de seu pai quando criança, no mesmo acampamento. Apesar da aparência indefesa e da situação crítica – a de encarar o stress de sua situação mental e, claro, enfrentar um assassino em série – Tina é capaz de fazer gato-e-sapato de Jason, praticamente invertendo os papéis em determinado momento, trazendo ao filme um tom diferenciado, algo como um Jason vs. Carrie. Já o restante da história envolve vizinhos arruaceiros e intenções ocultas do doutor para com a moça, argumentos fraquíssimos que quase não conseguem justificar a existência do filme.

Porém, entre tantos pontos negativos e fragilidades, há de se notar que ao menos a série retomava um pouco o nível de seriedade perdido quase que totalmente no sexto capítulo, ainda que sob a pena de regredir um ponto no quesito “diversão”, pois a indestrutibilidade de Jason, menos presente em “A Matança Continua”, fez com que algumas piadas não-intencionais simplesmente não existissem mais. Mesmo sem suspense, há algumas poucas cenas interessantes, e todo o clímax do filme é razoável. Desta vez, novamente Jason viria a ter seu fim dentro do lago, assim como acontecera no sexto capítulo, mas de uma forma um tanto quanto abrupta, esquisita, dando a sensação de que o filme termina muito repentinamente.

A maior curiosidade deste capítulo é o fato de que ele seria o filme onde Jason e Freddy Krueger se encontrariam pela primeira vez. O resto da história os fãs já conhecem: desavenças entre a Paramount e a New Line estenderam-se por anos e anos, e isso só veio a se concretizar 15 anos depois (e é notório que a espera, pelo menos, compensou). Financeiramente, o filme manteve a razoável lucratividade da série, não por ter sido um sucesso (pois não foi), e sim porque sempre foi muito barato produzir um Sexta-Feira 13, e a base de fãs sempre teve um tamanho considerável, por pior que fossem os filmes. Ainda assim, há um certo tom de melancolia: a série já dava o tom de estar dando seus últimos passos. As ideias não vinham mais, a década de 1990 estava perto e o gênero slasher estava definitivamente saturado com as inúmeras versões desta série e de outras, como A Hora do Pesadelo. O que viesse daí para frente seria lucro.

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