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Críticas

Cineplayers

Tão bom ou melhor do que a série de televisão.

8,5

Antes de mais nada, um aviso aos leitores: este texto é escrito por um fã de longa data dos Simpsons. Claro que vou tentar ao máximo separar minha admiração pela série da minha avaliação do longa, mas o fato é que possuo um carinho especial pelos personagens amarelos daquele mundo. Ainda assim, mesmo sendo um leal seguidor do programa, afirmo sem medo de errar: Os Simpsons – O Filme é tão bom ou até melhor do que a maioria dos episódios de Homer, Bart e companhia.

Foram necessários quase vinte anos para a família mais maluca da televisão americana migrar para as telonas. Mas a espera valeu a pena. Em Os Simpsons – O Filme, Springfield passa por sérios problemas. Com elevados níveis de poluição no lago da cidade, Lisa e um novo amigo promovem uma campanha para evitar o despejo de lixo. Claro que Homer fará a burrada de ir contra todos, causando uma catástrofe ambiental. Como resultado, o governo americano isola Springfield em uma redoma, enquanto os habitantes partem para cima dos Simpsons buscando vingança.

Os Simpsons – O Filme, quando comparado com a série, é melhor em algumas questões, porém deixa a desejar em outras. A maior qualidade da obra é a incessante inserção de boas piadas. Escrito por um enorme grupo de roteiristas (do qual fazem parte os criadores James L. Brooks e Matt Groening), o roteiro da produção lembra o de clássicos do besteirol como Top Secret, Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu e Corra que a Polícia Vem Aí: assim que uma piada acaba, outra surge – sem contar as vezes nas quais elas ocorrem simultaneamente. É uma constância que supera inclusive o ritmo de gags dos episódios.

E o melhor é que estas piadas realmente funcionam. O roteiro sempre foi o forte dos Simpsons e aqui não é diferente. Diálogos impagáveis, situações hilárias, grandes personagens e um espírito politicamente incorreto preenchem cada segundo de projeção. Se o espectador não está gargalhando, está ao menos com um sorriso no rosto, fazendo de Os Simpsons – O Filme uma das melhores comédias dos últimos anos.

Aqueles que tinham medo de que a obra deixasse de lado o senso crítico e a ironia sobre questões sociais também podem ficar tranqüilos. Está tudo lá, com alfinetadas a temas como religião, política, mídia, preconceito e tudo aquilo que sempre fez da série uma das mais inteligentes e irreverentes da televisão. Ainda que o foco seja claramente o besteirol, Os Simpsons – O Filme continua retratando com talento os costumes e a hipocrisia da classe média americana (ou seria ocidental?).

Enquanto isso, Homer permanece como um dos maiores personagens já inventados. Com a inconfundível voz de Dan Castellaneta, o patriarca dos Simpsons é o grande astro do filme, dono dos momentos mais inspirados e engraçados (“Esta é a coisa mais idiota que já ouvi na minha vida”). Ainda assim, Os Simpsons – O Filme não é um filme-solo de Homer, uma vez que toda a família tem espaço para brilhar, inclusive Maggie, com sua primeira palavra.

Em contrapartida, ao mesmo tempo em que todos os Simpsons se destacam, a produção se ressente do pouco tempo em tela de outros personagens. Talvez seja disto que os fãs sentirão mais falta. Sr. Burns, Apu, Moe, Barney, Krusty e diversas outras inesquecíveis pinturas da galeria de personagens dos Simpsons aparecem por pouquíssimo tempo, criando um vácuo que, apesar de necessário para a fluidez do longa-metragem, certamente fará falta aos já iniciados no mundo de Springfield.

Além disso, a trama do roteiro não deixa de ser óbvia. Todos sabem o que irá acontecer assim que os conflitos são apresentados. No entanto, esta previsibilidade não chega a preocupar, até porque o enredo não passa de uma desculpa para amarrar as piadas e oportunizar a crítica social sempre presente na série.

Já em termos de animação, apesar de não quebrar barreiras como recentes filmes do gênero, Os Simpsons – O Filme faz um bom papel. O traço é o mesmo encontrado na série, em um tradicional 2-D apenas um pouco mais bem acabado, o que é um alívio para todos os fãs. Mesmo assim, o diretor Silverman ainda encontra espaço para brincar com sua “câmera”, como, por exemplo, no momento em que mergulha em uma multidão ensandecida.

Silverman, Brooks, Groening e sua trupe construíram uma honrosa transição dos Simpsons da telinha para a tela grande. O ritmo de boas piadas, a presença sempre inigualável de Homer e a coragem em bater de frente com a moral e os costumes de nosso mundo fazem agora no cinema o que a série fez por anos na televisão. Os Simpsons já são uma influência indissociável de nossa cultura e quem assiste o filme só pode lamentar o fato de não terem chegado aos cinemas antes.

Comentários (2)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 15:12

\"Para trás!!! Eu tenho uma moto-serra!!!!\" . Quem não ri com essa cena???

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