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Críticas

Cineplayers

As desventuras que as noites em Sin City guardam.

6,0

Outra noite em Basin City. Outra experiência visual atraentíssima apresentada pela dupla Robert Rodriguez e Frank Miller. Nenhum filme se sustenta unicamente por imagens, ainda que essas sejam envolventes. Neste caso elas ainda são conciliadas por um clima noir – vendida enquanto um neo noir – e fortalecida pelo visual e algumas sequencias de cena empolgantes do ponto de vista plástico. O preto e o branco comandam a estética dessa sequência tal como no primeiro filme. Os personagens bem caracterizados contribuem com o fraco roteiro e um banho de sangue vermelho rubro suja os óculos dos espectadores que conferiram o filme em 3D. É de fato outra noite em Basin City, uma extensão da experiência sensorial que conferimos há 9 anos com alguns novos personagens e com a sensualidade habitual proferida em cenas libidinosas com lindas mulheres.

Uma série de contos diferentes se unem aqui. A graphic novel de Miller ganha contornos idênticos ao do filme anterior. Assim se revela pouco inventivo, e igualmente ao antecessor, divide opiniões por suas investidas e artísticas escolhas. A beleza dos quadros são definitivamente notórias e dão conta do filme juntamente a tridimensionalidade. As histórias mescladas despontam num mesmo ritmo cadenciado, no entanto, facetadas e sem linearidade, soam apenas como uma opção narrativa desnecessária, bagunçando o roteiro que sofre para ser tão interessante ou empolgante quanto ao apuro do desenho proposto pela produção.

Nesse percurso trilhado pelo roteiro escrito pelo próprio Frank Miller, resta aos bons personagens marcarem suas cenas com virilidade e violência embasada nas desventuras que somente Sin City é capaz de oferecer durante suas longas noites ébrias e destrutivas. Três homens se destacam: Marv (Mickey Rourke) acordando sem memória atrás das conjunturas de uma provável noite violenta; Johnny (Joseph Gordon-Levitt), um exímio jogador que senta na mesa de pôquer de um homem poderoso e, após vence-lo, recebe o recado que precisa se retirar da cidade o quanto antes; e Dwight (Josh Brolin / vivido no filme anterior por Clive Owen), capturado pela sedução ambiciosa de uma femme fatale.     

De atrativo especial estão as lindas garotas da noite. Há quem julgue o filme machista. A acusação é compreensível. O fato é que o investimento estético quando envolve mulheres paira na lascívia de suas personagens fatais, agraciadas por nus e movimentos carnais. Jessica Alba revive Nancy e sua presença no palco, com sua dança hipnotizante, é nostálgica, pois nos lança até 2005 quando admiramos pela primeira vez sua volúpia. Agora Eva Green também se faz presente quase que em tempo integral, legitimando o conceito de fatal em moldes devassos de uma Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue. Green é capturada nua em preto e branco. Obra de arte. Ainda tem Juno Temple (que vem convivendo com bons papeis), Rosario Dawson, Jamie Chung, Jaime King, Lady Gaga e Julia Garner.

Foram vários anos até ser terminado. 9 anos, muitos nomes especulados a integrarem o filme passaram longe da produção. Os que estão foram escolhas minuciosas e assertivas do ponto de vista visual: não há quem ofereça grandes atuações, a não ser Rourke com seu cenho, expressivo num protagonismo anti heroico. Não parece que os atores buscam aqui grandes realizações com relação a interpretação, mas diversão. Há quem esteja caricato – intencionalmente ou não, pouco importa. São sentenças que aludem distantemente e quase sem querer a alguns aspectos do expressionismo alemão.

Com sombras, armas, traição, adicções, sangue a aparições fantasmagóricas representadas por distintas óticas, Sin City 2 - A Dama Fatal resplandece como um objeto de pura – e não pueril – diversão cinematográfica que atinge níveis extremos em sua conduta politicamente incorreta; está na margem da indecência com maestria técnica, o que complementa a polêmica de censura, tal como foi durante o lançamento de seu pôster o qual aparecia os mamilos de Eva Green. Uma bobagem conservadora. Serviu para motivar alguns a procurarem o filme. Polêmica é o ensejo do desejo de qualquer publicidade, ainda que não tenha sido o bastante para fazer o filme decolar nas bilheterias.

Comentários (4)

Caio Henrique | sexta-feira, 10 de Outubro de 2014 - 15:31

Ainda acho o primeiro melhor. Mas Sin City sempre sera interessante

Aparecido Zago | sábado, 11 de Outubro de 2014 - 03:40

O primeiro é ligeiramente superior ao segundo, mas ambos são bons filmes. Boa crítica.

Ianh Moll Zovico | sábado, 11 de Outubro de 2014 - 16:35

Galera, tem alguma possibilidade de vocês começarem a fazer críticas de séries?

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