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Críticas

Cineplayers

Abandone seus pudores e embarque na Cidade do Pecado, a mais ousada adaptação de quadrinhos que chega aos cinemas.

8,0

Para transpor ao cinema as graphic novels de Frank Miller, o diretor Robert Rodriguez rompeu com o sindicato dos diretores e financiou do seu próprio bolso esta que foi sua mais arriscada empreitada. E deu certo, pelo menos o suficiente para garantir uma sequência que já está em andamento.

Visualmente é incontestável a qualidade de Sin City, filmada em digital de alta definição sempre em tela verde, os cenários foram depois inseridos em 3D mas ao contrário de outros filmes que utilizam a técnica (Sky Captain), o efeito passa imperceptível na maior parte do tempo, ajudado pela fotografia em preto e branco de forte contraste. Cada cena tenta reproduzir com fidelidade a arte de Miller desde a composição dos elementos ao pouco uso de movimentos de câmera, exatamente como se fossem quadrinhos. Há um uso de cor em detalhes de cena, sangue, olhares, o efeito é hipnótico e plasticamente muito bonito. Onde Sin City comete um "pecado" é na narrativa.

Na sua obsessão por se tornar absolutamente fiel à fonte, Rodriguez exagera na narração em off, nem tudo que serve para a literatura serve para o cinema. Em Sin City há longas sequências apenas com diálogos internos dos personagens e mesmo quando essas narrações poderiam ser traduzidas em imagens os personagens continuam falando, descrevendo às vezes o que estamos vendo com nossos olhos. Pode-se dizer que por ter se inspirado em romances policiais noir baratos a narração seja aceitável, só que o que funciona bem em uma história se torna cansativo em três.

Um detalhe que vai causar desconforto em muitos espectadores é o caráter um tanto niilista do universo de Frank Miller, todas as histórias são protagonizadas por anti-heróis que salvam suas mulheres das garras de maníacos, pedófilos e canibais mas eles são tão imorais e psicóticos quanto os vilões e não há muita preocupação com verossimilhança ou mensagens, os diálogos e ações são exagerados mas pelo menos esse tom é estabelecido logo no começo e não fica a sensação de que o espectador foi subestimado, só depende de você entrar no clima.

Há uma constelação de estrelas no filme, de pequenas pontas como Josh Harnett e Elijah Wood (surpreendentemente perturbador) a Jessica Alba, Rosario Dawson e Britanny Murphy, todas as mulheres estão sensuais e fatais, os vilões são vividos por Nick Stahl (de Exterminador do Futuro 3) e Benicio Del Toro, os anti heróis por Clive Owen e Bruce Willis, todos parecem à vontade com o estilo um tanto camp do filme mas é Mickey Rourke como Marv que se destaca, certamente com as melhores falas, Rourke se diverte como o matador deformado. As três histórias se intercalam em alguns momentos e são contadas fora de ordem, bem ao estilo de Quentin Tarantino que comandou uma sequência como diretor convidado.

Dá para entender um dos motivos que levaram Rodriguez a produzir e editar o filme ele mesmo, longe de Hollywood, há mulheres seminuas e violência o bastante para enlouquecer os censores e os estúdios parecem interessados apenas em filmes para todas as idades cujo retorno financeiro é mais garantido. Na sessão em que eu estava vi espectadores levantando e saindo enojados com o excesso de sangue esguichando, mutilações e torturas, mas há de se admirar a atitude de Rodriguez em abandonar a segurança da indústria para perseguir sua visão. E Sin City também ganha pontos por isso, mesmo possuindo algumas falhas.

Comentários (2)

Alex Paiva | quinta-feira, 14 de Junho de 2012 - 12:01

Pessoal, podiam creditar o Rutger Hauer na ficha do filme...

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 15:14

Filmaço!!! Robert Rodriguez dando Show. Destaco Mickey Rourke com Marv. Até o doído Clive Owen tá bem no filme....

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