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Críticas

Cineplayers

Um filme que cumpre seu papel de divertir e não esconde (nem tenta esconder) seus clichês. Vale se não tiver opção melhor.

6,0

No início do filme, a primeira fala de John Smith, interpretado por Brad Pitt, é algo tal qual a seguinte: “Nós nem precisávamos estar aqui”. Essa é uma afirmação ambígua: no enredo do filme, refere-se à ida ao conselheiro matrimonial, para tentar descobrir, junto de sua esposa, Jane Smith (a belíssima, como quase sempre, Angelina Jolie), por que o seu casamento é tão entediante, mesmo ambos tendo, teoricamente, tudo para serem incrivelmente felizes. Já na vida real, tal afirmação é válida porque os dois realmente não precisariam estar fazendo um filme cujo objetivo é prover diversão rápida e descompromissada para os espectadores. O filme não tem uma mensagem de conteúdo, o filme não terá chance alguma em nenhuma premiação séria... enfim, Brad Pitt e Angelina Jolie entraram nesse projeto por dois motivos principais: dinheiro e diversão!

O roteiro é baba! Um casal, depois de passar por uma fase de paixão ardente, resolve se casar e, cinco ou seis anos depois, caem na monotonia. O detalhe é que ambos são agentes secretos especializadíssimos, finíssimos e belíssimos. Têm uma bela casa, etc., etc., etc. Enfim, toda a estrutura para poderem ser felizes com tranqüilidade. Quando os dois recebem a missão de exterminarem um ao outro, a coisa pega fogo, e cada um terá sua confiança abalada em relação ao outro – tudo o que aconteceu até o momento, em termos de amor, foi um plano para se aproximar do parceiro ou realmente foi verdadeiro? Enquanto tentam descobrir, eles deverão se defender deles mesmos e de outros agentes que estão vindo em seu encalço.

Depois da sinopse básica, pode-se afirmar que o filme, na realidade, não passa de um grande plágio, sendo uma mistura de cenas de inúmeros outros filmes, desde Matrix Reloaded, com sua belíssima e poderosa perseguição de carros; True Lies, com o argumento de um membro do casal (aqui são os dois, claro) esconder sua profissão de agente do outro; Butch Cassidy, com uma cena de tiroteio interminável; e, claro, a todo o gênero ação, de forma geral. Isso não impede o fato de o filme ser muito divertido, engraçado, sensual. Quer dizer, “muito” seria um exagero dizer, mas é, como já fora comentado, apenas uma diversão para seus atores e para os espectadores também, porque não (ao contrário de Tomb Raider: A Origem da Vida, que parece somente ter divertido a atriz Angelina Jolie durante as filmagens – o filme é um grande tédio).

Mesmo sendo divertido em vários momentos, Sr. e Sra. Smith mostra que Hollywood continua em marcha rápida em direção ao desastre criativo. Não há um simples diálogo, uma cena de ação sequer em todo o filme que sugira inovação. O pior de tudo: com o bom sucesso comercial do início da carreira do filme nos cinemas, já falam em continuação – agora parece que o casal terá um bebê! Enfim, o roteiro deste filme não chega a ser uma tragédia, como os trailers davam a entender, mas é bem fraco e pouco inspirado, o que, claro, não pode ser considerado mais uma surpresa. Já há muito tempo ficou chato falar disso, e o padrão tende-se a piorar.

Pelo menos tecnicamente esses filmes estão melhores do que nunca. Com orçamentos acima dos US$ 100 milhões tornando-se mais e mais comuns (este aqui passou US$ 10 milhões desse valor), especialistas em efeitos cada vez melhores e o principal, computadores cada vez mais poderosos, os filmes do gênero são sempre um colírio para os olhos. E não estou falando aqui da dupla de atores – isso já é óbvio! Agora, se me perguntassem se vale o preço de um ingresso de cinema ou o preço da locação do DVD, eu responderia: só assista se não tiver realmente nada melhor passando.

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