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Críticas

Cineplayers

Mais um filme de ação holywoodiano altamente clichê e dispensável.

3,0

Já está ficando repetitivo: cada vez mais Hollywood vem desperdiçando bons temas com filme fracos. S.W.A.T.  é mais um deles. Teoricamente, o diretor Clark Johnson teria um material incrível nas mãos, afinal a SWAT (Special Weapons And Tactics) é uma das polícias mais treinadas e habilidosas de todo o planeta. Não deveria ser difícil fazer um filme interessante e excitante com um elemento desses. Mas conseguiram: com excesso de desleixo, SWAT é um filme mal acabado, com um roteiro onde jorram clichês e personagens incrivelmente forçados o tempo todo, até chegar no seu clímax (ou anti-clímax) risível e chato.

Diretor conhecido de seriados de televisão, incluindo vários conhecidos policiais e de ação, como NYPD Blue, Lei e Ordem e The Shield, Johnson mostra-se incapaz de filmar as seqüências de ação e tensão como elas deveriam ser: tensas. Todas essas cenas em SWAT são confusas e mal realizadas, às vezes com câmera de mão e amadora (numa tentativa de dar um tom mais documental ao filme, talvez), onde uma tremedeira impossibilita sabermos o que realmente está acontecendo; outras com planos abrangentes, mas cortes rápidos, geralmente mal executados... enfim, a passagem do diretor da televisão para o cinema não foi muito bem feita pelo diretor. Em algumas cenas de conversação há alguns zooms bem primitivos, típicos de televisão. Repare só na cena em que dois membros da equipe vão se explicar para o chefe, após a cena de ação inicial (e depois a conversa deles no vestuário).

Além disso, o próprio conteúdo das cenas é altamente forçado (embora isso era esperado, afinal é mais um filme de ação descerebrada de Hollywood) e em vários momentos gera muitas risadas não-intencionais, como na cena em que um bandido oferece uma alta recompensa para ser libertado, e uma gangue, ao melhor estilo do game Max Payne, intercepta o comboio que o transportava no centro da cidade, gerando uma guerra urbana absurda, para não dizer ridícula. Não quero aqui entrar em grandes detalhes do roteiro (se é que havia um roteiro para o filme), então só vou dizer que a cena final, uma tentativa do diretor de criar uma grande surpresa e uma batalha pessoal entre dois importantes personagens, é muito, mas muito mal executada, totalmente anti-climática: a melhor cena havia acabado de acontecer, e o diretor ainda nos força a assistir mais 10 minutos de enrolação entre esses dois personagens. Confesso que foi difícil não sair da sala naquele momento...

O filme é levado pela dupla Colin Farrell e Samuel L. Jackson. O primeiro é um ex-membro da SWAT que foi rebaixado e agora tem que trabalhar num serviço inferior na corporação. Ele está tentando voltar ao time. O segundo é um cara da “velha guarda” da SWAT que, num momento difícil para a corporação, é chamado para montar uma nova equipe. Ambos têm um relacionamento que lembra o dos personagens de Denzel Washington e Ethan Hawke no ótimo Dia de Treinamento, uma espécie de professor e aluno. Essa, pra mim, é a parte mais interessante do filme, embora também nada original (como todo o resto). Aí o filme adquire um humor sarcástico e possui um desenvolvimento razoável dos personagens.

Quando entra Michelle Rodriguez (Velozes e Furiosos, Resident Evil...), porém, tudo descamba novamente. Creio que eu já disse em algum lugar que ela é uma atriz de uma face só: a sonolenta. Pra mim SWAT confirma a atriz como uma das piores desta nova geração. Como o título da obra de Nelson Rodriguez diz... bonitinha, mas ordinária. Finalmente, ainda temos outros vários coadjuvantes, recheados de excepcional forma física (como não poderia deixar de ser, afinal eles estão na SWAT, oras) mas muito pouco carisma. Tanto que, quando acontece uma traição dentro do grupo, fica difícil se importar com o fato.

SWAT é um filme de alto orçamento. Custou 80 milhões de doletas (nos EUA arrecadou mais de 100, por isso já começam a especular sobre uma continuação) e, sendo assim, é bem realizado tecnicamente, ainda que o diretor não ajude muito. O filme conta com tiros, explosões, diversos tipos de armas, mortes, uma barulheira danada (quem curte o game Counter Strike vai se sentir em casa). Tudo isso para tentar distrair o espectador do roteiro medíocre e história banal. Em termos sonoros, o melhor mesmo é a musiquinha do seriado, que a equipe canta durante uma festa, em cena já mostrada no trailer.

Não é exagero dizer que este é não somente um dos piores filmes de ação do ano, como um dos piores filmes de todos os gêneros do ano. E olha que em 2003 temos ainda A Liga Extraordinária, Era Uma Vez no México, Casseta & Planeta, O Núcleo, + Velozes + Furiosos... Bem, a lista poderia ir longe, mas não importa agora. De qualquer forma, Collin Farrell, o novo galã e xodó dos estúdios em Hollywood, poderia ter escolhido um trabalho muito melhor. Que o grande papel da sua carreira até o momento, Alexandre, o Grande, demonstre sua melhor forma. Em S.W.A.T. ele é apenas uma caricatura de Hollywood, que a maioria já cansou de ver.

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