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Críticas

Cineplayers

Uma deliciosa viagem nonsense.

7,5

Ted (idem, 2012) é desde o início hilário e, ao contrário do que entenderam alguns desavisados, a mensagem é justamente o oposto à da banalização da vida. Isso fica claro pelo desenrolar da trama e o seu desfecho. Sendo assim, Ted é um filme necessário não só por escancarar características da modernidade, como o prolongamento da adolescência/juventude ao máximo, como também por criticar com humor delicioso tanto a vida regrada tradicional, como a intensa sem limites. O meio termo, acolher os dois lados, é a grande mensagem final do longa-metragem de Seth MacFarlane, criador do seriado Uma Família da Pesada

Com direito a todas as piadas e referências politicamente incorretas possíveis, Ted é um deleite para o público. Com as comédias cada vez mais bestializadas, o ursinho de pelúcia com vida própria surge para rever dogmas sociais, sem se incitar contra eles. Assim, está salva a trama condutora de John Bennett, dono de Ted, e sua namorada Lori Collins. Os percalços que esses enfrentarão - clichês, é verdade - são o de menos. A história preza pela discussão da passagem para a vida adulta como um rompimento com outra fase, esta mais livre.

Ao mesmo tempo, por que não escolher esse estilo de vida? Assim, personagens como Flash Gordon surgem para mostrar que: é possível adotar diversos estilos, certas convenções sociais caíram por terra e o american way of life faliu. Entretanto, para Lori, é urgente que seu namorado se torne maduro e deixe para trás o comportamento infantilizado de se proteger de trovoadas com seu ursinho de infância.

Ted, por sinal, é extremamente bem trabalho por meio da técnica de captura de movimentos. Crível, essa fantasia absurda com tons de fábula quando da presença do narrador, torna-se completamente plausível aos olhos do público. E isso, de certa forma, já é louvável.

Vindo de um urso de pelúcia, qualquer absurdo maior parece menos relevante. Assim, fumar maconha sempre que possível, encher a cara e sair com prostitutas são comportamentos aceitáveis. E, sem moralismo, seriam aceitáveis de qualquer modo, desde que em uma sociedade mais permissiva. Ted se impõe justamente contra qualquer conservadorismo. Até uma vida a três, o que acontece afinal, é ventilada. Ted acaba sendo a favor da liberdade e contra dogmas. Isso, entretanto, não anula a noção daquilo que é realmente errado, e por isso existem os personagens Donny e seu filho.

Apesar de agradável e interessante como um todo, Ted tem lá os seus poréns. É preciso admitir que a trama é bastante formuláica, mesmo que venha a servir ao propósito geral. É o velho enredo do relacionamento em crise por causa do comportamento imaturo do namorado, sempre apoiado em uma amizade irresponsável e dona das melhores piadas. Há também o outro homem que se interessa pela moça enquanto ela está abalada e o desfecho no qual os conflitos pessoais são resolvidos após a necessidade de união dos personagens. 

Soma-se a isso as raríssimas piadas que não funcionam: essas são sempre as escatológicas. Raramente um filme consegue acertar ao mexer nessa seara; geralmente tudo soa falso e sem graça. Mas Ted, com o desenrolar de sua trama – crível justamente pelo tom de fábula –, cada vez mergulha mais no nonsense. No final das contas, é uma viagem doida que embarca na intensidade de seus personagens. É daquelas viagens gostosas, hilárias e de boas recordações, que permite rir muito durante horas – até sem nenhuma droga.

Comentários (10)

Vinícius Aranha | quinta-feira, 04 de Outubro de 2012 - 23:07

Pessoal supervalorizando demais esse, hein.

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