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Críticas

Cineplayers

Uma comédia musical excelente. Um ótimo passatempo que fará você ir correndo à loja de CDs mais próxima depois do filme.

7,5

É muito comum ouvirmos pelo mundo afora que “Moulin Rouge - O Amor em Vermelho” e “Chicago” foram os filmes que ressuscitaram o gênero musical no final do século 20. Realmente, quem curte um ótimo musical, como quem vos escreve, acabou ficando muito decepcionado com o gênero durante a década de 90. Entretanto, isso também não quer dizer que não houveram projetos na área, pelo contrário.
 
“That Thing You Do!”, de 1996, acabou chegando em terras nacionais com o enorme título de “The Wonders - O Sonho Não Acabou”. O filme foi um projeto idealizado e praticamente todo produzido por Tom Hanks, simplesmente um dos melhores atores da atualidade. Havia sido a primeira investida de Tom tanto na cadeira de diretor bem como escrevendo um roteiro. Mas Hanks provou, com este filme, ser muito mais que um ator, um diretor ou roteirista... Pasmem! Hanks escreveu boa parte da maravilhosa trilha sonora que o filme possui. É incrível a versatilidade nas diversas artes que andam junto com o cinema que este homem possui.
 
Quando chegou aos cinemas em 96, o filme ganhou bom destaque, afinal, todos queriam ver o próximo filme de um ator que estava em franca ascensão (Hanks havia até então feito “Filadélfia”, “Forrest Gump” e “Toy Story”, todos sucessos absolutos de público e crítica). Desde o início Hanks avisara que este era apenas um filme despretensioso que já estava na cabeça do diretor a um bom tempo, por isso decidira rodá-lo.
 
A fita conta uma história simples e, como o personagem próprio de Hanks diz no filme, muito comum de acontecer durante aquelas décadas. Hanks criou um filme onde conta a história de uma banda do interior dos Estados Unidos chamada “The Wonders”, que entra em franca ascensão depois de deslancharem com o sucesso “That Thing You Do”. O filme é mostrado a partir da vida (ou visão) de Guy Patterson (ator Tom Everett Scott – que estreará em cinemas nacionais brevemente com o filme “Regras da Atração”), o baterista da banda e o mais “normal” de seus integrantes.
 
Tom Hanks também faz uma ponta no filme, ou melhor, contracena com o resto do elenco, visto que seu personagem tem bastante importância para o desenvolvimento da trama para dizer apenas que ele fez uma “ponta”. Como diretor, Hanks acertou a mão em “The Wonders - O Sonho não Acabou”. Acabou por conseguir criar um ótimo clima ao redor de uma historiazinha que pode por muitos ser considerada “boba”.
 
As atuações por si só (individuais) não chamam muita atenção, entretanto, quando a banda está reunida ou com o grupo contracenando em diversos momentos do filme, aí sim, temos um filme deveras empolgante. E por falar em “empolgação”, por exemplo, é impossível não se sentir animado e contagiado pela alegria da banda quando a mesma escuta pela primeira vez sua canção tema (That Thing You Do) tocando na rádio. Um dos melhores momentos do filme.
 
É interessante observar no filme também bons atores em início de carreira (excluindo Hanks) como Charlize Theron, que mais tarde veio a fazer dois ótimos filmes (“O Advogado do Diabo” e “Regras da Vida”) e que nesse interpreta a namoradinha inicial de Guy Patterson; e Liv Tyler, que mais tarde também viria a ficar muito em destaque (mais comercial do que merecido, é verdade) por “Armaggedon”. A moça faz, no filme, o papel do verdadeiro interesse amoroso de Patterson, e isso fica claro a todos nós desde o início da película. Também faz a sua aparição no filme, o ator Giovanni Ribisi – que atua como Chad, o baterista que quebra o braço logo no início do filme e cede o lugar para que Guy Patterson assuma. Giovanni viria mais tarde a fazer “Mod Squad”, “O Resgate do Soldado Ryan”, “As Virgens Suicidas” e recentemente as promissoras películas ainda não lançadas “Cold Mountain” e “O Dia Depois de Amanhã”.
 
E o filme não é embalado apenas por uma bela canção não... Pelo contrário, possui várias que poderiam ter ganhado destaques bem maiores, como é o caso de “Dance With Me Tonight”, “All My Only Dreams”, “I Need You” e “Little Wild One”. Como diriam os norte-americanos: “A soundtrack to remember!”. A vinheta que abre o filme, uma musiquinha denominada “Lovin’ You Lots & Lots” foi escrita por Tom Hanks também.
 
Entretanto se Hanks acertou na direção, o mesmo poderia ter caprichado o roteiro um pouquinho mais no final da película. Realmente um dos maiores erros do filme, ao meu ver, é o final súbito e mal desenvolvido, até os diálogos ficam um pouco monótonos. É como se tivessem tentado passar a maior parte do tempo do filme mostrando os aspectos positivos da turnê dos “The Wonders” e simplesmente esquecessem de ir, da metade da produção pra frente, preparando terreno para um final. A personalidade conturbada de Jimmy, o vocalista da banda, era algo que deveria ter sido explorado de forma mais elaborada ao longo do filme para que o final não soasse tão abrupto ao público.
 
Mas apesar disso, The Wonders continua sendo um ótimo filme que, além de tudo, conta com uma boa direção de arte. Sim, as roupas, a maquiagem, o estilo da época; está tudo ali, dando aquele ar de nostalgia que invade as telas junto com o filme. Você é transportado para época e torce, desde o inicio para que os “Wonders”, apesar das dificuldades, alcancem seus objetivos.
 
Uma comédia musical excelente. Um ótimo passatempo que fará você ir correndo à loja de CD’s mais próxima depois do filme.

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