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Críticas

Cineplayers

Um ícone do cinema, uma das maiores bilheterias de todos os tempos.

9,0

Em 1997, mais especificamente no mês de dezembro, chegava às telas de todo mundo um dos filmes que viria a ser um dos maiores fenômenos de bilheteria, critica e público dos últimos anos, ou diria das ultimas décadas. Aclamado e premiado com onze Oscars, o filme de James Cameron igualou-se a “Ben-Hur” em número de estatuetas máximas recebidas por um filme. Creio que todos que estejam lendo esta análise já tenham assistido ao filme, acho que toda pessoa que aprecia a sétima arte já assistiu pelo menos uma vez a esta grande produção que esteve tanto na mídia quando fora lançada. Eu mesmo assisti ao filme doze vezes nos cinemas. Isso mesmo, não se espante, doze vezes. O filme ficou tanto tempo em cartaz, mas tanto tempo mesmo, que sempre que encontrava com um amigo, parente distante e outros relativos o assunto era sempre o mesmo: “Vamos assistir Titanic?”. E como praticamente não fazia nada naquela época além de estudar, ia para me divertir mesmo. Doze vezes. Mas ainda lembro-me da primeira vez, no BH Shopping, Belo Horizonte, sala lotada.
 
Titanic foi produzido pela 20th Century Fox e pela Paramount Pictures; idealizado, dirigido e escrito por James Cameron, que dedicou uma boa parte de seu tempo exclusivamente a esse projeto. Cameron pensou em cada detalhe, pesquisou cada fato e os estilos da época para poder passar ao público, com imensa fidelidade, a sensação de estar no transatlântico mais luxuoso que um dia passou pela Terra. Pouca gente sabe, mas muitas foram as brigas entre os próprios atores e com o diretor, o elenco já não agüentava mais gravar por diversas vezes as mesmas cenas até que ficassem de acordo com o gosto de James. No making of do filme, Cameron fala sobre diversos desses problemas que foram enfrentados durante o estágio de filmagem do projeto.
 
Titanic fora um projeto ambicioso desde o início. O orçamento inicial feito por Cameron não era nada “estimulante”, mas mesmo assim a Fox e a Paramount resolveram tocar o projeto pra frente confiantes que o retorno viria naturalmente e, de fato, eles estavam certos: o filme custou cerca de US$ 200 milhões de dólares e arrecadou cerca de US$ 745 milhões de dólares, ocupa a sexta colocação das melhores bilheterias de todos os tempos, mas ainda assim, muito longe do primeiro colocado “E o Vento Levou”, que custou apenas US$ 3 e arrecadou US$ 1188 (em milhões de dólares). Ambos os valores são ajustados pela inflação.
 
Entre as onze estatuetas, o filme levou: Direção de Arte, Fotografia, Diretor, Figurino, Efeitos Sonoros, Efeitos Visuais, Edição, Trilha Sonora, Canção, Filme e Som. Ganhou onze estatuetas das trezes que disputava, perdendo apenas Atriz, Atriz Coadjuvante. À primeira vista, uma pessoa que não foi por algum motivo com a cara do filme ou simplesmente não gostou pode pensar: “Mas todos esses prêmios a esse filme?”. O que acontece é justamente que Titanic é uma película que prima pelo seu aspecto técnico. É brilhante e singular em cada um desses quesitos. Os concorrentes da época também não eram assim tão fortes, o que fazia com que as coisas ficassem ainda mais fáceis para Titanic. Se não me engano o filme que mais recebeu elogios depois de Titanic em 1997 foi L.A. Confidential (ou Los Angeles – Cidade Proibida).
 
A história do filme parte de um pressuposto interessante (visto que Cameron deveria criar algo “fictício” para encaixar na trama, porque, do contrário, não seria um filme propriamente dito, seria um documentário): na procura pelo diamante que uma vez pertenceu a Luís XVI, que acreditavam ter naufragado junto com o Titanic, Brock Lovett descobre a pintura íntima de uma linda mulher usando o tal colar de diamantes. Quando o retrato aparece num programa de notícias, uma idosa senhora entra em cena, dizendo ser a moça do retrato. A partir daí a senhora conta sua história de amor e sobrevivência pela qual passou no navio que era considerado “indestrutível”.
 
Os méritos de Titanic, ao meu ver, vem muito mais de aspectos técnicos àqueles que envolvem o elenco. Mas o elenco também chama atenção, principalmente pela excelente qualidade dos coadjuvantes. Billy Zane, Kathy Bates, Bill Paxton, Gloria Stuart, Frances Fisher, David Warner e diversos outros atores e atrizes fantásticos que ajudaram a criar essa fantasiosa história de amor que existiu apenas no script de James Cameron. Vale lembrar que todos os personagens ali apresentados foram reais, incluindo Jack Dawson (Leonardo DiCaprio, de “Prenda-me se for Capaz”, “A Praia”) e Rose Dewitt Bukater (Kate Winslet, de “Iris”, “Hamlet”, “Razão e Sensibilidade”), entretanto, o romance do casal de jovens no filme de fato não aconteceu.
 
Uma das coisas que mais chamam a atenção na película é sua fotografia impecável e sua direção de arte, que a muito custo conseguiu reconstituir com total sucesso os mínimos e precisos detalhes daquela época, desde o porto inglês aos interiores do transatlântico luxuoso. E por falar em luxo, a luxúria da época, a divisão por classes e outros aspectos como esses estão muito bem representados no filme durante todas as suas etapas, seja no início com as grandes festas (da primeira e da terceira classe), ou seja, na hora em que o transatlântico naufragava, James Cameroon sempre lembra-nos das diferenças existentes na época, tão mais gritantes que em dias atuais.
 
Desnecessário dizer que a direção de Cameroon é impecável. Sempre atuante, James exigia o máximo de seus atores e de certa forma conseguiu isso, personagens bem caracterizados e elaborados são uma das mais marcantes características do filme. Os efeitos especiais estão lá, principalmente na parte em que o navio naufraga, uma cena muito bonita. Alguns detalhes reais da época que foram relatados por sobreviventes deram um ar de realidade maior ainda para o filme como o padre rezando com o navio quase na vertical e a banda do navio que tocou até o ultimo momento possível.
 
E por falar em “banda”, vamos falar um pouco a respeito da trilha sonora do filme. Composta por James Horner, ela simplesmente embalou muitas seqüências do filme, e as mais variadas variações da música “My Heart Will Go On” apareceram durante a película inteira. A música tema interpretada pela cantora canadense Celine Dion é de fato muito bonita, encaixando-se como uma luva em Titanic. Entretanto, alguns quesitos fizeram com que essa mesma música se tornasse uma das mais odiadas do mundo inteiro. O motivo não poderia ser outro, a música premiada com um Oscar simplesmente não parava de tocar nas rádios e não parava de passar em todas as MTV’s do mundo; acabou ganhando fama de chata, melosa e grudenta, o que de fato não era mentira tendo em vista o número de vezes que éramos obrigados a escutá-la nas rádios.
 
Para nós, que moramos no Brasil, o martírio foi ainda maior, ou melhor, duas vezes maior mais precisamente; pois Sandy & Junior, a dupla de adolescentes mais pegajosa da atualidade, resolveram gravar a canção “My Heart Will Go On” em português. Resultado: além de todo massacre audiovisual que sofremos com a musica original (e o clipe do filme) ainda sofremos com a versão “nacional” da música derivada da fita. É claro que a imagem do filme por aqui ficara abalada um pouco, afinal, com a perpetuação da trilha nos topos das paradas de todo o país - e com a freqüência com que a mesma tocava nas rádios - acabou-se criando todo um clima adverso, ninguém agüentava mais ouvir falar em “My Heart Will Go On”, outros simplesmente não conseguiam ouvir falar a palavra “Titanic” em sua frente...
 
Apesar desse pequeno contratempo (se é que podemos chamar dessa forma), a trilha sonora se analisada hoje, tempos depois do lançamento do filme, soa bem mais agradável e fácil de se ouvir.
 
Finalizando, apenas gostaria de salientar que Titanic é um grande filme que provavelmente já foi assistido por todos que estão lendo esta crítica. É um grande filme que conta com um elenco diversificado e de muita qualidade e com uma direção fora de série. Se você, por algum milagre ou motivo absurdo perdeu o filme, não deixe de assisti-lo assim que for possível. Uma grandiosa obra, um ícone dos anos 90 no que se refere à sétima arte.

Comentários (4)

Luís Daniel | quinta-feira, 03 de Novembro de 2011 - 00:58

Oi, Argumentos! Tudo bom?

Pedro Henrique | terça-feira, 06 de Dezembro de 2011 - 02:19

???
"Oi Argumentos! Tudo Bom" ??????????????????

César Barzine | sábado, 11 de Fevereiro de 2017 - 17:17

Ótima crítica melhor que a do Cunha. O filme é realmente maravilhoso.

César Barzine | sábado, 11 de Fevereiro de 2017 - 17:22

O filme não lucrou só 745 milhões de dólares. Foram 1.8 bilhões, 2.2 graças ao seu relançamento do 3D em 2012. E foram 14 indicações ao Oscar e não 13.

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