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Críticas

Cineplayers

Novos ares para Dolan.

7,5

Longe da histeria e da etiqueta que seu nome carregou nos últimos anos em festivais, onde havia passado em branco até então, Xavier Dolan, enfim, fez cinema. Tom na Fazenda (Tom à la ferme, 2013) se configura como um mergulho simples e dinâmico na narrativa e no gênero, sem grandes afetações estéticas e muito mais concentrado nos eixos da obra - ao contrário de seus outros filmes, norteados pela construção de ícones e elementos extracampo.

No thriller baseado na peça homônima de Michel Marc Bouchard – algo que explica a rédea vista em Tom na Fazenda - as referências são menos argilosas e funcionais. Hitchcock é constantemente lembrado e Gosto de Sangue (Blood Simple, 1984) de Joel e Ethan Coen é um dos títulos que vêm à mente pela maneira com que Dolan coloca o lado trágico da trama e pelo jogo de sombras. O filme é composto por extremidades e se torna hipnótico pela forma como Dolan insere os planos, sempre exageradamente abertos ou fechados. Eles acentuam a intenção do filme e mostram que a simplicidade no cinema é mesmo arrebatadora.

O filme narra os dias angustiantes de Tom (Xavier Dolan) vividos na fazenda onde a família de Guillaume, seu ex-namorado recentemente falecido, mora. Decidido a esconder da mãe a opção sexual do irmão, Francis (Pierre Yves-Cardinal) costura um jogo de gato e rato com Tom. À primeira vista, o discurso de Dolan parece redundante a respeito da identidade sexual e do preconceito latente. Porém, com o desenvolver do filme, vemos que a ideia é mais complexa. Em outro plano, a iminência se torna a maior armadilha para o filme, sem grandes opções de desenvolvimento ou de surpresas.

Curiosamente, quando Dolan sai da zona de conforto - ou de um fashionismo inexplicável -, ele foi premiado pelos críticos no Festival de Veneza. E não há como discordar da formalidade que o jovem canadense apresenta personagens cínicos e perigosos; Tom na Fazenda significa um novo tempo em sua carreira, enquanto revisita os bons tempos de um gênero e brinca com a ilusão de uma obra orgânica, que muda até mesmo a sua janela de exibição e declara abertamente sua artificialidade.

Comentários (2)

Anderson de Souza | quinta-feira, 05 de Junho de 2014 - 11:28

Crítica rasa. ..filme bobo. E mesmo Dolan saindo da zona de conforto o resultado é falho e não condiz com o que esses festivais vem vendendo.

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