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Túmulo dos Vagalumes, O

(Hotaru No Haka, 1988)
8,8
Média
464 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Uma das obras mais chocantes que a animação já ouviu falar.

9,0

As animações japonesas são, geralmente, fofinhas ou cheias de bichos malucos metafóricos, ou então criam os mais fantásticos guerreiros que lutam por suas causas; mas O Túmulo dos Vagalumes, lançado em 1988 pelo mesmo estúdio de Hayao Miyazaki (Ghibili), é um contraste forte com a filmografia da empresa. Ao invés de beleza, alegria, vontade de viver, essa obra de Isao Takahata, baseada no livro com a experiência real de Akiyuki Nosaka, é um tiro na consciência de cada um. Até a pedra mais resistente cede à sua força.

A história é sobre o jovem Seita e sua irmã Setsuko que, durante a Segunda Guerra Mundial, passam por maus bocados, como bombardeios inesperados, o maltrato de parentes impacientes, a fome e a perda dos pais. Prepare-se para viver momentos de extrema alegria, principalmente entre as brincadeiras que os irmãos fazem entre si, como válvula de escape dos horrores da guerra, até momentos extremamente dramáticos, com direito a trilha sonora que mostra o caminho para as inevitáveis lágrimas e tudo.

Mas não espere que, por se tratar de uma animação, o impacto visual e sentimental será poupado: você verá moscas em corpos, pessoas mutiladas e diversas outras barbaridades, mas nunca colocados de modo grosseiro na tela. É chocante, mas com sua elegância. Dessas passagens, destaco o momento da morte da mãe dos irmãos e, obviamente, o clássico final do longa, que certamente chocará e o fará se sentir mal por vários e vários dias.

O filme, assim como diversos outros do tema, mostra as barbaridades feitas durante o período da guerra, mas também mostra uma visão singular de todo o acontecimento a partir de duas pessoas inocentes. É interessante ver também a reação de algumas pessoas diante o desespero, como acusações levianas e injustiças familiares. Não que haja um vilão; a guerra por si só já faz muito bem esse papel. Em meio à tanta dor, o filme encontra ainda forças para mostrar algumas cenas muito bonitas, que nos aproximam dos personagens e nos lembram que, apesar daquilo tudo, eles apenas querem viver. É um drama pessoal, ambientado na guerra, e não um filme sobre o campo de conflito.

Agora, o ponto forte do longa é a relação entre os irmãos. Uma linda história de amor, não no sentido óbvio da palavra, mas no mais puro sentimento entre os dois, que fazem de tudo para viver. Seita toma conta de Setsuko, tenta fazer suas vontades (as balas) e, por conta disso, diversos momentos simples e tocantes, turbinados com o belo aspecto visual criado pela equipe de desenvolvimento da animação, são vividos. A chuva nunca pareceu tão gostosa, os sons naturais ajudam a criar um clima perfeito e as metáforas, como o contraste entre os vaga-lumes e as bombas explodindo em uma determinada passagem de seqüências, ajudam a criar um aspecto artístico profundo para a obra crescer como status de arte.

Lógico que essas histórias de sofrimentos em guerra já foram contadas muitas vezes, afinal, várias pessoas perderam suas vidas durante o conflito. Você já parou para pensar quantas histórias deixaram de ser contadas, considerando-se a individualidade de cada um que vive ou morre em um conflito como esse? Pois bem, são poucos filmes que conseguem nos causar reflexão e realmente nos mudar após a sua exibição. O Túmulo dos Vagalumes é uma obra completa e tocante. Mesmo que não pareça muito original sob um olhar mais crítico, quem pode julgar a originalidade em um sofrimento real? É para ver, pensar e chorar horrores. Você vai ficar destruído no final.

Observação: No dicionário, a palavra Vaga-Lumes se escreve separada com hífen, mas a maioria dos sites especializados a coloca junta, não me perguntem o porquê. Resolvi adotar o padrão.

Observação 2: Em 2005, o livro foi novamente adaptado, mas dessa vez para a Tv Japonesa, com atores em carne e osso.

Comentários (4)

Francisco Bandeira | terça-feira, 13 de Agosto de 2013 - 12:40

Dificil dizer qual meu filme favorito do estúdio Ghibili, mas sem dúvida O Túmulo dos Vagalumes está entre eles. A sensação foi a mesma de quando assisti Dançando no Escuro, do Von Trier. Senti algo diferente do que de costume em filmes do gênero. Apesar de ser uma animação, não deixa de ser chocante!!!

Hudson Borgato. | terça-feira, 10 de Fevereiro de 2015 - 19:09

Esse filme é uma preciosa obra de arte, tocante e profundo. Clássico absoluto.

Gersiane Dias | sábado, 05 de Agosto de 2017 - 21:13

Não sei quando conseguirei parar de chorar.. difícil ver uma obra de arte tão maravilhosa e tão triste ao mesmo tempo..

Gabriel Cine | quinta-feira, 28 de Maio de 2020 - 02:56

As atitudes do protagonista em.... convenhamos....

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