Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

A série Velozes e Furiosos, Diesel e Dwayne Johnson ressurgem.

5,0

Não é fácil para uma cinessérie chegar ao seu quinto episódio com a vitalidade deste Velozes e Furiosos 5. Com exceção do movimentadíssimo (e, àquela época, refrescante) primeiro exemplar da série, no hoje longínquo ano de 2001, este "Operação Rio" é o mais interessante. Isso não quer dizer muito, pois esses filmes, feitos a toque de caixa, servem apenas para suprir as necessidades que a indústria tem de lançar filmes que "arrasem quarteirões", ou, nos dias de hoje, corredores de shopping centers. É o que move a indústria, o que dá chance de filmes menores - e infinitamente mais densos, interessantes - chegarem ao público que ama cinema como arte. Aqui deu tudo certo, pois o filme já é, de longe, a maior bilheteria de todos eles, o sexto exemplar já está em desenvolvimento e sabe-se lá até quando veremos Vin Diesel e cia. acelerarem carros no cinema. Se sua carreira durar tanto quanto a de Eastwood, vai longe.

Velozes 5 se passa quase que inteiramente no Brasil, o que não quer dizer exatamente muita coisa, pois como em Los Angeles e em Tóquio, a cidade é apenas um pano-de-fundo para mostrar estereótipos e automóveis sem fim. O quinto episódio tenta criar um clima de imediatismo não visto antes - todos os personagens principais estão enjaulados, sem capacidade de respirar e correndo pelas suas vidas, uma espécie de desconforto crônico, aliviado aqui e ali por várias caixas da cerveja local. Nesse sentido, o elenco funciona (Diesel, Walker e Jordana Brewster ao menos) pois suas expressões de angústia e a sensação de que aquilo ali precisa acabar, que eles precisam descansar, estão bem estampadas, e são passadas ao público com certa noção de urgência. Apenas para manter o interesse até o final da projeção, que fique bem claro.

Este episódio se destaca, também, por ter Dwayne Johnson e seus braços gigantescos como antagonistas. Sua equipe, que vem ao Brasil para deter a gangue de Diesel, utiliza-se de muita força bruta e subterfúgios tecnológicos capazes de adivinharem as ações de todo mundo, em inúmeras daquelas liberdades artísticas que principalmente os filmes de ação de Hollywood nos trazem sempre. Ao que parece, o excesso de gastos com coisas explosivas, efeitos especiais e atores de cachês milionários acabaram interferindo na contratação de roteiristas menos preguiçosos. Pudera, Chris Morgan fez os recentes O Procurado e os últimos dois episódios desta cinessérie. E pior: Celular - Um Grito de Socorro, uma das maiores aberrações do gênero thriller da década passada.

A cena que foi constantemente vendida no trailer, e que remete a grandes filmes de assalto (sub-gênero que particularmente adoro) mostra Diesel e Walker arrastando um cofre de várias toneladas pelas ruas do Rio de Janeiro. Aqui, os efeitos são particularmente fracos, embora ajudados pela excepcional edição de som, consigam passar um tom épico que fez com que alguns mais excitados a chamassem de uma das melhores cenas de perseguição com automóveis em anos. Apesar do alto teor de adrenalina, é coerente dizer que daqui a alguns anos e dezenas de blockbusters barulhentos depois, ela e todas as [boas] outras cenas de ação do filme não encontrem um lugar de destaque no meio disso tudo, pois, como foi dito, é um filme feito a toque de caixa, para funcionar por uma ou duas semanas, até que o próximo filme incrivelmente caro e exagerado chegue às salas comerciais, em 2D, 3D, IMAX ou qualquer tecnologia nova que venha a existir.

Velozes 5 é simplesmente mais uma ode da imagem sobre o conteúdo, dos músculos sobre os diálogos, e de novo não há problema nisso. O nível de entretenimento é bastante alto - provavelmente acima da média e com algumas decepções que já foram vistas este ano, é provável que acabe se tornando uma das obras que mais faturarão em 2011. Velozes e Furiosos, a série, conseguiu passar de patinho feio (o terceiro episódio foi considerado um fracasso) para cisne (branco?), e volta com tudo e quase que literalmente atropelando a todos, promovendo todos os nomes envolvidos e dando um alívio necessário às carreiras de Diesel e The Rock. Não é um grande filme (longe de ser), mas tem muitos méritos.

Comentários (0)

Faça login para comentar.