Quando Demián Bichir apareceu na lista de indicados ao Oscar 2012 de melhor ator, muitos ficaram surpresos. Mas a nomeação foi justa não só por evidenciar o talento de Bichir, mas por jogar luzes em cima de Uma Vida Melhor (A Better Life, 2011), um pequeno grande filme de múltiplos temas sociais. O mais difícil é conseguir vislumbrar, a qualquer momento, essa esperança de uma vida melhor. A feição dura e abatida de Bichir como pai solteiro não esconde um homem sempre no limite, mas disposto a levar adiante o objetivo de tirar o filho do subúrbio de Los Angeles.
O maior desafio é conseguir sobreviver e enxergar novas perspectivas como imigrante ilegal em uma sociedade hostil a essas pessoas. Nem mesmo governos mais liberais, como o de Barack Obama, conseguiram melhorar a situação. O atual presidente, mais simpático ao problema, talvez tenha sido atrapalhado pela situação econômica. Os de fora são vistos como ladrões de emprego dos norte-americanos e condenados cada vez mais a trabalhos duros e mal remunerados.
Se em países como o Brasil, conhecido pela hospitalidade, bolivianos, peruanos e haitianos são renegados ao submundo e ao trabalho escravo, a realidade na terra do Tio Sam, então, é terrivelmente dura. De forma elegante, o diretor Chris Weitz não se preocupa em discutir essa questão política. Não se solidariza e não culpa ninguém, apenas retrata. A preocupação é evidenciar a marginalização social daquelas pessoas. Eles são condenados a viverem em guetos, hostis entre si, caso dos mexicanos do protagonista Carlos Garlindo e da comunidade porto riquinha visitada por ele em determinado momento.
Já não bastassem as dificuldades naturais de ausência de direitos civis pela situação irregular no país, Carlos não parece contar com a sorte. Nem por isso, sua personalidade ética é abalada em qualquer momento. A forte interpretação de Bichir cria empatia imediata com o público, solidário aos seus problemas. É o herói moderno. O batalhador do dia a dia, perseverante e anônimo.
Carlos ainda tem a tarefa de cuidar do filho adolescente e afastá-lo do convívio das gangues que dominam os bairros pobres onde moram os imigrantes. É quase a lei da selva. O crime ronda e os jovens parecem destinados à marginalidade e à vida sem perspectiva. Os bandidos estão sempre por perto e a polícia só pode ser encarada como inimiga. Está lá para reprimir e condenar à extradição, nunca para defender, por mais necessário que seja. Quando Carlos ajuda alguém em situação semelhante e é passado para trás, só resta a angústia por não poder falar com o policial que encontra no caminho. É de dar desespero.
Entretanto, nem tudo é o sofrimento que parece ser. A paternidade poderia ser, para Carlos, um fardo difícil de carregar, ainda mais sem alguém para auxiliá-lo na tarefa, mas a situação muda de figura ao compreender que ser pai é o que o move adiante. Ensinar seus princípios ao filho e vê-lo viver em situação melhor é o combustível que move aquele homem. Por isso, é sempre comovente ver a relação verdadeira, de conflitos e amizade, que os dois protagonizam. A única coisa clara, e por isso tanta empatia com o personagem, é que ele jamais desistirá desse objetivo, por mais que as circunstâncias levem o garoto a flertar constantemente com a criminalidade.
A Better Life é cru no sentindo positivo, o de não haver enfeites. É um retrato seco da realidade de imigrantes ilegais. É a busca do sonho que poucos alcançarão. Não parece, a quem assiste, haver saída, solução. Mas o filme mantém a mensagem de esperança ao mesmo tempo em que aparenta não enxergar o rumo para isso. A cena final é a representação perfeita da dureza e da solidão do caminho a ser percorrido.
Abrir pra votação agora, né?
Parece bom.
Pensei que já podia dar nota 😎
Faz favor,meu filho. Isso aí se fosse falado em português poderia tranquilamente se passar por um novela da globo. Simplifica os problemas sociais que retrata. Lição de moral. Overacting...