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Vivi Lobo e o Quarto Mágico

(Vivi Lobo e o Quarto Mágico, 2019)
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Pequena grande mulher

8,0

Se existe um espaço dominado pela possibilidade infinita da fabulação no cinema, esse espaço é conseguido integralmente pela animação. Ainda que tenha na técnica um manancial de possibilidades para tal artifício, estamos diantes de novos estágios desse processo com o filme de Isabelle Santos e Edu MZ Camargo, a partir de um livro dela. Aliás, a literatura é uma pauta absolutamente primordial para mergulharmos no mundo de Vivi Lobo, a criança protagonista do filme, dotada de grandes poderes e grandes responsabilidades, todas consigo mesma.

Ao descobrir uma porta aberta para a construção da fábula que constituirão sua própria formação pessoal e emocional, a menina libera na tela uma possibilidade de encontro consigo mesma na mais tenra infância, ao estabelecer os parâmetros iniciais do que será sua própria formação, principalmente no que concerne ao seu feminino. E o seu feminismo. Como já citado acima, é a arte de maneira ampla e a literatura de maneira particular que povoam o imaginário criativo dessa formação, e que criarão um indivíduo ciente do seu potencial provavelmente aguerrido; afinal, precisamos citar de quem Vivi (de Virgínia) Lobo seria homônima?

Seus encontros com Frida Kahlo, com Nina Simone, com artistas primordiais pro surgimento de uma lógica feminista e por encampar essa fala a um discurso de congraçamento e luta é uma mensagem clara a todos os tipos de público, do infantojuvenil ao adulto, sobre os lugares de acesso que Isabelle alcança para ilustrar a formação não apenas de sua personagem, mas da ilustração de atualidade. Tudo isso aliado a técnicas de animação que só encantam os olhos, traços tão delicados quanto originais, e estamos diante de um pacote completo.

Refém apenas de uma duração talvez diminuta (como essa história pedia mais e mais pra ser desenvolvida e explorada, com potencialidades muito claras a percorrer), Vivi Lobo e o Quarto Mágico é das produções mais delicadas e engajadas do momento recente, encontrando sempre as palavras mais incisivas para defender uma bandeira através do carinho e da compreensão. Uma forma de ser empática à sua própria condição, e com isso acender a empatia a qualquer um que acesse o material, e se não apreender a amar ser lobo como Vivi, ao menos respeitar e admirar a quem tem a possibilidade de sê-lo.

Crítica da cobertura da 3ª Mostra SESC de Cinema de Paraty

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