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Críticas

Cineplayers

Um filme com uma boa premissa que consegue ser interessante até a metade, quando começa a desandar tudo;

3,0

Que o diretor Wes Craven já não é mais o mesmo todos já sabem - seu último bom trabalho foi o Pânico original e, depois, em menor escala, Música do Coração, um drama que trouxe cara nova à sua filmografia. Depois disso surgiram um novo e ridículo Pânico e o recente e ainda pior Amaldiçoados. Enfim, filmes que não incitam muito um espectador a ir procurar seus próximos trabalhos quando estes chegam aos cinemas. Vôo Noturno tenta desesperadamente criar tensão através de situações já mais que manjadas, com personagens irritantes que estão lá forçadamente para incomodar.

Mas estou me adiantando. O filme é sobre um sujeito contratado para interceptar uma gerente de um mega-hotel em Miami, onde o Secretário de Defesa irá se hospedar. Seu objetivo é convencê-la a, de dentro do avião, ligar para seus empregados forçando uma troca de quarto, para este tornar-se alvo fácil de um grupo terrorista ou algo que o valha. Craven, diretor experiente que é, consegue fazer da primeira metade do filme uma construtora de tensão, ou seja, vai tornando as situações cada vez mais apertadas para nossa "heroína" Lisa (Rachel McAdams, cujo melhor papel até o momento foi o de Diário de uma Paixão - a moça que está virando estrela rápido, mas deveria cuidar com seus próximos projetos para não cair na mesmice).

Diálogos interessantes entre ela e o nosso vilão (Cillian Murphy, na mesma situação de Rachel, está disparando para o estrelato) são marca das cenas dentro do avião. Isso e a turbulência (exagerada, mas assustadora) criam, inicialmente, cenário para a construção de um clima realmente tenso. Mas o roteiro possui um número de coadjuvantes que não precisava existir, personagens que estão lá para - e tudo isso é previsível desde o início - fazer toda a situação ficar ainda mais enrolada, nunca de forma natural, o que caracteriza-se como um truque barato de roteiro, uma saída fácil quando o melhor seria continuar desenvolvendo o estranho relacionamento que surgiu entre vítima e sequestrador. Um exemplo? A menininha que, sem grandes motivos justificáveis, desconfia do vilão - nesse ponto fica fácil prever que ela atrapalhará seus planos no futuro.

São vários os furos, embora esse tipo de coisa seja também previsível, creio que ninguém espera um filme de terror/suspense de um diretor como Craven sem esperar também por ilogicidades. O problema é a segunda metade do filme, quando a ação sai do avião e o filme vira nada mais que um joguinho de gato-e-rato do vilão contra a mocinha. Esta deve salvar a vida de seu pai e deve salvar toda a família do Secretário de Defesa ao mesmo tempo que foge desesperadamente de um sujeito quase psicopata. Isso depois de vir do triste momento do enterro de sua avó. Enfim, a mocinha frágil e vítima das circunstâncias acaba virando (e isso acontece muito em Hollywood) uma super-heroína. Há ainda todo um contexto feminista jogado pelo diretor, algo totalmente desnecessário, o que faz facilmente com que, quem goste de um mínimo de lógica, acabe torcendo pelo vilão - e aí, claro, será fácil não gostar do filme.

No final das contas este é apenas mais um exemplar de cinema como centenas de outros que saíram nos últimos anos. Promete muito, na teoria tem tudo para ser algo diferente e inventivo, mas na hora do diretor gritar "Ação!" tudo vai por água abaixo pela burrice e estupidez do roteiro. Situações como a bateria do celular terminar na hora fatídica deveriam fazer termos o direito de pedir nosso dinheiro de volta, não para o gerente do cinema, e sim para o diretor e/ou roteirista. Preguiça e falta de inteligência, nos dias de hoje, são a marca da maioria deles. Neste filme, isso não é exceção!

Comentários (1)

Alexandre Marcello de Figueiredo | segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014 - 17:29

Realmente o início cria-se uma certa tensão, mas depois tudo desanda e para variar o final é previsível.

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