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Críticas

Cineplayers

Mais um lixo vindo dos Estados Unidos: humor puritano e sem graça alguma.

4,0

Franquia de sucesso, “Vovó... Zona 2” (Big Momma’s House 2) chega aos cinemas brasileiros depois de arrecadar US$ 28 milhões no primeiro fim de semana de estréia nos EUA, tornando-se o campeão de bilheteria da semana passada, derrubando cinco outros lançamentos e deixando os candidatos ao Oscar bem atrás (“Brokeback Mountain”, o melhor classificado, rendeu US$ 6,5 milhões no mesmo período).

Trata-se da continuação do sucesso de bilheteria de 2000 (US$ 200 milhões em todo o mundo) em que um agente do FBI se disfarça de babá para desvendar casos. Assim ele precisa, além de provar que é bom investigador para seus chefes, enganar as crianças e os investigados e ainda arranjar tempo para conquistar a namorada, que desconfia de suas mentiras e dissimulações, além, claro, de lavar a louça, fazer a faxina e cozinhar divinamente.

Boa parte do filme está centrado nos efeitos produzidos pela equipe de maquiadores, que criou um corpo com 925 aplicações, feitas manualmente, para que tivessem mobilidade quando o ator Martin Lawrence andasse. Levava uma hora e quarenta minutos diários para ser vestida, mais um bom tempo na maquiagem. Em nenhum momento dá a impressão de que seja de verdade.

Não há sutileza. As piadas são grosseiras, preconceituosas (ou “politicamente incorretas”, como queiram) e desfiam situações constrangedoras sobre pessoas obesas (a vovózona aparece de biquíni amarelo na praia), idosas, negras (ou “afro-americanas”), de baixa escolaridade e baixo poder aquisitivo. Sobra também para judeus, surfistas e até para os hispânicos, pois o cachorro do casal vigiado é um chihuaua mexicano que, após perder sua amada companheira num acidente, passa os dias a ver novelas mexicanas na TV aos prantos – a vovózona lhe ensina a tomar tequila para curar da fossa.

Há quem defenda esse tipo de humor como “livre das amarras da patrulha do politicamente correto”. Não está, no entanto, liberto do moralismo e da pregação puritana. O filme destila a culpa paterna por não terem os pais tempo para os filhos, causa de todos os males. Vovózona dá lições proibindo a filha mais velha, de 15 anos, de transar com o namorado de 19 (usa o treinamento policial para descobrir os segredos dos dois). Acusa a ex-babá, uma ativista de esquerda, de consumir haxixe, e por aí vai, como chamar a mãe de fútil por freqüentar um spa.

Portanto, o de sempre do cinema americano: humor chulo, puritanismo, alfinetadas na esquerda liberal e seus costumes “contra as tradições americanas”, tudo embalado em excelente técnica (o fotógrafo é Mark Irwin, companheiro de longa data dos mestres do terror David Cronenberg e Wes Craven, além de colaborar habitual dos irmãos Farrely). Riso frouxo, amarelo, e incômodo.

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