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Críticas

Cineplayers

Absolutamente constrangedor! De novo!

0,0

Pior que assistir a um filme da Xuxa, só mesmo ter que escrever sobre ele. Dito isso, qualquer coisa que venha a ser escrita se torna extremamente previsível. É inaceitável que o cinema nacional continue produzindo essas porcarias que servem para capitalizar em cima das pobres crianças e estampar os egos já inflados em todo o tipo de mídia, além de gerar inúmeros produtos relacionados.

Sou da geração oitentista, que assistia ao programa da loura e sonhava em entrar no disco voador que insistia em aterrissar todas as manhãs. Santa inocência, Batman! Mas, analisando friamente, naquela época o nível era outro (Marlene Mattos deve ser santificada?), e os filmes chegavam até a ser bacanas: Super Xuxa Contra o Baixo Astral e Lua de Cristal são provas disso. Mas essas produções recentes? Não, obrigado. Passei batido por "Pop Star" na época do lançamento (tive o desprazer de ver depois em uma noite insone na tevê), que só perde o posto de pior filme nacional da história para aquele "Cinderela Baiana", com a Carla Perez. Argh! Depois vieram duendes, fadas, o "Abracadabra" (este é o menos pior) até chegar a Xuxa Gêmeas.

Mas logo gêmeas? Não tinham idéia melhor? Assistir a uma Xuxa já é desprazer dos grandes, imagine duas! É colar chiclete na cruz, como diria o saudoso Caco Antibes. Só que os espertos roteiristas, fugindo de qualquer clichê, deram a elas personalidades opostas. Uma irmã é boazinha, a outra, malévola, olhe só! E ainda por cima, separadas quando bebês. O prêmio de melhor roteiro do ano, cujos créditos são da atriz Patrícia Travassos e de Flávio de Souza, já está garantido. 

No longa, as gêmeas se reencontram já adultas. A malvadona é a chefe de um jornal em decadência. A outra, tadinha, vive na favela e mantém, a duras penas, uma escola, rodeada de amigos loirinhos e/ou sarados, todos cheios de sotaque da Zona Sul carioca. Fome, miséria, traficantes? Isso não existe no fantasioso mundo da Xuxa. Afinal, até a Ivete Sangalo (oops, Alice) vive por lá. Será que a loura quer que as crianças brasileiras acreditem que a favela é o melhor lugar do mundo para se viver? Afinal todos vivem cantando, dançando, se empanturrando com pães recheados de mel! Pena que nenhuma empresa teve a esperteza de fazer merchandising, como já é de praxe. É triste perceber a distorção da realidade, logo mais por parte de alguém que deveria estar educando.

A historinha para enganar trouxa se desenrola com todos cobiçando um diamante, "o maior do mundo", que se encontra em lustre (!), perdido em um antiquário qualquer. E é isso, uma corrida de todos os personagens do filme atrás do pote de ouro. Só, mais nada! E haja cantoria e participações especiais de amigos dos envolvidos. Até o diretor Jorge Fernando aparece em uma ponta – vou me abster em fazer qualquer crítica à sua direção. As atuações são abaixo do nível do aceitável – afinal, o que esperar de cantores, modelos e comediantes de quinta categoria? Já a Xuxa é um caso a parte: faz bem o papel da mocinha de bom coração – ela mesmo, obviamente – e quando entra em cena a megera, a única palavra que vem à mente é constrangimento. Talvez só nessas horas que a gente esboça um sorriso – de deboche, claro.

Vou ser previsível novamente: Xuxa Gêmeas, com certeza, nem é para baixinhos.

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