Uma vagina, um sete, uma orgia, um cadáver e Macário sobre nós. Uma, duas, três, quatro... E assim adentra, incomodando, o longa-metragem da noite.
A necrofilia ultra-romântica de Álvares de Azevedo está exposta em O Fim da Picada, sendo este o único vestígio de sentido nessa história sem meio, fim ou pés, apenas começo e cabeças, as nossas cabeças buscando arduamente sentido no nonsense. O filme é um amontoado de seqüências de cortes, lugares, personagens e falas sem nexo. Será?
Alguém naquele cubo escuro e frio citou que o filme aqui em questão foi feito para perturbar. Então, Christian Saghaard disse: faça-se o incômodo! E o incômodo se fez presente desde seu primeiro centésimo. Em seus segundos a movimentação de câmera era enauseante e as insistentes gargalhadas (no filme) irritantes. Afinal, do que eles riam? Talvez rissem de nós que nada entendíamos. Em suas horas nos agride acertando nossa inteligência bem no estômago. O que vemos é tão óbvio que nos questionamos como o complexo beira o simplório de forma tão extrema chegando aos limites do ridículo. Agora as gargalhadas são nossas.
Talvez o sentido maior, e único, seja causar estranhamento. Talvez ele nem deva ou possa ser entendido, e por isso nos perturbe. Talvez as tantas dúvidas com o fim dessa picada sejam respondidas no princípio disso tudo. Estas são as minhas únicas certezas.
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