Dersu Uzala é uma adaptação do livro do explorador russo Vladimir Arseniev sobre sua incursão no início do século XX pela região do Ussuri e pelas montanhas selvagens e inóspitas do Sikhote-Alin, no extremo oriente russo, para estudo topográfico.
Nessa viagem ocorre o encontro do então explorador com o caçador chamado Dersu Uzala, homem simples, mas com um coração que demonstra grandeza e sensibilidade tocantes.
O diretor Akira Kurosawa trata de construir de forma natural e harmoniosa o personagem Dersu desde a sua primeira aparição, com histórias que são uma verdadeira lição de amizade e humanidade para se guardar pra sempre com boas lembranças.
O filme, apesar de ser, por vezes, entediante traduz como poucos a simplicidade e a bondade do caçador que nunca teve muito contato com o mundo exterior e as mensagens que podemos tirar disso.
A relação do explorador Arseniev com o caçador Dersu também é posta de forma natural e não forçada, assim como os diálogos, que são poucos, porém muito bem adaptados do livro do escritor russo.
O que impressiona no filme de Kurosawa realmente é o detalhismo e o empenho com que o diretor teve ao traduzir os sentimentos do bom caçador com profundidade e ao colocar com tanta beleza o conflito homem x natureza, sem precisar de grande explicações, nem de diálogos intermináveis.
Aliás, a fotografia de Dersu Uzala é uma experiência marcante e impossível de não ser notada. A estética do filme é posta de forma tão bela que explica os longos momentos sem fala.
O contato posterior do personagem principal com o mundo exterior e a sua falta de adaptação traduz também a perda da bondade e dos valores essenciais do homem moderno em contato com novas verdades impostas.
Realmente, este é um filme para ser visto e sentido ainda por muitas gerações, pela maestria e consistência com que é regido pelo diretor Akira Kurosawa e pela construção tão elaborada e bonita do personagem de Dersu Uzala.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário