Sean Penn se firma como grande cineasta nos trazendo essa obra prima perfeita em todos os sentidos,politico,intelectual e espiritual.Uma experiencia cinematografica que merece ser compartilhada por todos.
O que me impressionou, logo nas primeiras cenas de Na Natureza Selvagem, foi como Sean Penn conseguiu imprimir tanta sensibilidade em sua narrativa, sem fazela parecer algo piegas, narrando a história do jovem Christopher McCandless (Emile Hirsch), que deixou sua família, no estado da Virginia, no inicio dos anos noventa para se tornar andarilho, empregando-se em trabalhos temporários em atividades comerciais e agrícolas e, principalmente para ir à procura, no Alasca, daquilo que segundo acreditava seria a sua porta de liberdade da sociedade banhada a mentira.
Apoiado nas belíssimas imagens muito bem captadas pelas lentes de Eric Gautier e suaves canções de Eddie Vedder,o diretor conta a historia de maneira poetica,lirica, deixando perceptível sua identidade com Christopher que, descontente com o modo em que vivia, baseado nas idéias de Jack London, Henry David Thoreau e Leon Tolstoi, decide se isolar para sempre junto à natureza. A plasticidade do filme, portanto,e um o elemento primordial.
Mas é evidente também que Penn,que assina o roteiro, baseado no livro do colunista Jon Krekauer , soube respeitar a fronteira que o separa de Christopher. Assim, ele expõe as fraquezas do personagem e ate mesmo um sentimento egoista,tipico da adolescencia e tambem o autoritarismo, que acaba se tornando um elemento de grande importancia e identificação de Christopher com Ron Franz (Hal Holbrook), um militar reformado, veterano de guerra, e que assim como ele, vive recluso, isolado da sociedade.
Aos 22 anos, filho de um engenheiro da NASA, Walt McCandless (William Hurt) e graduado, com êxito, no College, Christopher está preparado para ingressar na falcudade de Harvard. Ele tem uma poupança de 24 mil dólares(que ele acaba abrindo mão e doando a uma instituição de caridade). Mas os pais - a mãe, Billie McCandless ( Márcia Gay Harden), lhe garantem, na comemoração da formatura, a complementação da primeira anuidade na universidade, que gira em torno de 36 mil dólares porque também, nos EUA, ensino é negócio de lucro. Além disso, os pais se oferecem para dar um novo carro ao futuro universitário, que, entretanto, o recusa.
O perfil que se esboça de andarilho em Christopher não é, portanto, muito diferente dos demais conhecidos em outros filmes, que se insurgem contra a família e partem, sem destino, pegando caronas pelas estradas à procura de aventuras no meio da imensidão do território americano ou, mais precisamente, no caso, uma jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia. Antes, porém, ele distribui a poupança que tem com os pobres.
A forma pela qual é narrada a busca de liberdade por Christopher contra o opressivo esquema da sociedade americana é, na verdade, o que seduz o espectador,e uma critica leve,mais não deixa de ser uma critica.. Pois houve um cuidado especial de Penn em estruturar o roteiro, jogando ora com o presente, ora com o passado e mostrando não só a perspectiva do rapaz, mas também a de quem ele deixou sofrendo para trás no caso sua irmã Carine.
É Carine(Jena Malone,que aqui aparece grande parte narrando em off) quem faz a ponte de Chris – como com o passado, revivendo os tempos em que ambos eram crianças e presenciavam as constantes desavenças entre os pais, que se xingavam e se atracavam mutuamente. Talvez seja por isso que eles tanto se martirizem, no presente, diante do sumiço do filho que, para se isolar ainda mais da família, muda de nome. Destrói a carteira de identidade. E passa a se chamar Alexander Supertramp(tem uma otima cena com uma atendente).
Se Penn realiza excelente trabalho como roteirista e como diretor, também como selecionador e orientador de atores ele deixa evidente sua marca de qualidade. Pois não há nota dissonante em termos de interpretação.Tanto os atores jovens quanto os mais experientes desempenham seus papeis com competencia,com destque para Catherine Keener,que interpreta Jan,uma Hipiee,na qual Chris tem uma estreita relação de mãe e filho.
Quanto a Márcia Gay Harden, William Hurt (tendo uma otima cena na rua no final da historia)e Vince Vaughn estão, como sempre, muito bem em papéis principalmente o do último, de Wayne Westerberg de curta duração. E o experiente Hal Holbrook impressiona muito, como o veterano de guerra Ron Franz que, ao se despedir de Christopher, antes que parta para o Alasca, na estrada, de dentro da picape, produz a cena mais comovente do filme. Tanto assim que mereceu a indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, o qual acabou sendo conquistado por Javier Bardem.
Mas é Emile Hirsch, depois de Sean Penn, a grande estrela de Into The Wild. Aos 22 anos, Hirsch se torna, depois dessa sua brilhante atuação, um dos nomes mais respeitáveis do cinema americano. Quem o viu em Alpha Dog, no papel do criminoso, Jesse James Hollywood, um jovem delinquente preso no Brasil e que aguarda julgamento na Califórnia, fica surpreso com a evolução do moço. Não porque sua atuação teria sido fraca no filme de Cassavetes. Era como se fora, sim, um diamante para ser lapidado. Pois a lapidação lhe foi dada agora por Penn, que entende, como ninguém, de como se deve compor uma personagem. O ator está soberbo. Chega a se desfigurar por completo ao perder 15 quilos a fim de atingir a plenitude da personagem Christopher, que, embora tardiamente, só nos momentos finais, chega à compreensão de que: - a felicidade tem de ser compartilhada!(em uma das cenas mais belas do cinema).
Um filme belissimo,muito bem estruturado,com otimas perfomances,bonitas e inspiradoras imagens,mais que ainda sim não deixa de ser uma opinião politica a respeito da sociedade.Uma obra que destroi todo ou qualquer clichê de road-movie tipico americano (juro que ao ver o trailer quase me arrependi de ter comprado o filme,pois achava que era a mesma coisa de sempre ja tão reaproveitada),uma obra prima que merece ser vista e que assim como a felicidade tem de ser compartilhada.
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