Baixo orçamento, baixa tensão, poucos sustos...

“A bruxa de Blair” teve, apesar de seu baixo orçamento, alto rendimento. E é inegável que o feito esteja se repetindo com “Atividade Paranormal”, entretanto esse fato não deve confundir os mais desavisados: a qualidade do filme dirigido pelo estreante Oren Peli é muito inferior ao já clássico da década de noventa “A bruxa de Blair”. De cara, isso pode ser visto no apelo que cada um tem com o público: durante o período em que Bruxa esteve em cartaz, muitos consideravam que os fatos ali mostrados pudessem ser reais. Em Atividade Paranormal, o público já não cai mais nesse truque, mesmo com os avisos iniciais em respeito às famílias das pessoas envolvidas (no caso Micah e Kate).

A história de Atividade gira em torno de um casal, Micah e Kate, que começa a perceber indícios de ocorrências sobrenaturais ao seu redor. Achando que isso poderia dar em um bom material para documentário, Micah começa a registrar tudo com uma câmera de mão. A trama se desenvolve entre as pesquisas diárias do casal relativas às suas suspeitas, e as filmagens noturnas do casal em seu quarto, de forma que a cada noite é mais intensa a presença da entidade paranormal em questão.

No decorrer do filme, os sustos são poucos, o que não seria negativo caso um ambiente de alta tensão fosse criado, e o suspense nesse ambiente mantido. Entretanto, o que ocorre é a criação de um ambiente tenso, principalmente devido à fotografia caseira e reclusa estabelecida, em que a tensão é constantemente quebrada, seja por tolices de Micah, ou por momentos excessivamente cotidianos de Kate (como ela e uma amiga fazendo lantejoulas), que causam ao espectador uma sensação de conforto no cotidiano daquela casa.

Os efeitos deveras precários podem ser justificados pelo baixo orçamento, no entanto é fato que dificultarão a aceitação do filme por um grande público que vai ao cinema sem saber a proposta inicial. Além disso, tais efeitos podem facilmente impedir a imersão de muitos no drama daquele casal.

Apesar de possuir defeitos, Atividade Paranormal não é um filme horrível. Isso, principalmente pela movimentação de câmera, que aumenta a tensão de alguns momentos, nos quais nem tudo o que está ocorrendo é mostrado. Pode-se apontar também o desfecho do filme, que apesar de pouco explicativo para aqueles que ainda procuravam respostas, culmina em um susto para o qual se é preparados durante o filme todo.