“IN DUBIO PRO RÉU”
“12 homens é uma sentença” é o primeiro trabalho como diretor de um longa-metragem para o cinema de Sidney Lumet. Apesar disso, o já falecido e consagrado diretor não mediu esforços para construir um dos filmes mais grandiosos da história do cinema. Com uma direção genial, composta por excelentes ângulos e planos, o filme foi praticamente ambientado numa única locação (na sala do júri), salvo a primeira e a última cena.
“In dubio pro réu”, essa é uma expressão que vem do latim e é um princípio do direito penal. Que estabelece que na dúvida, decida-se a favor do réu! Mas quando não há dúvida? Pelos menos é assim que o filme começa. Onde um jovem de 18 anos é acusado de ter assassinado o próprio pai a facadas. Tudo conspira contra ele, desde testemunhas oculares a seu depoimento cheio de contradições. Nem mesmo o mais otimista acredita na sua absolvição. Acontece quem decide aqui não é o juiz ou promotor e muito menos o defensor público (isto, porque se trata de pessoa pobre que não pode pagar por advogado), e sim, o Tribunal do júri que é formado por 12 cidadãos comuns, pessoas do povo, pobres, ricas, cultas ou não. Pessoas que tem problemas como quaisquer outras. Pois essas pessoas vão decidir a vida de um garoto (que, a princípio parece culpado, e talvez até seja), que se condenado irá para a cadeira elétrica (de um crime que talvez não tenha cometido).
Diante o exposto, tudo indica que réu será julgado e condenado pelo júri, que está inquieto e impaciente. Muitos ali não veem a hora de irem pra suas casas. Mas acontece que um dos jurados, o número 8, interpretado por Henry Fonda, tem dúvidas sobre o caso. Ele acha que o garoto é culpado, mas como não tem certeza, levanta algumas questões para que o mesmo tenha um julgamento justo e não prévio, como parecia ser. Como no júri do EUA só é possível decidir pela culpa do réu caso não haja dúvidas de sua acusação, e mais questões são postas em jogo, um clima de tensão se forma no Tribunal.
Após serem levantadas as questões pelo jurado número 8, discussões pessoais começam vir à tona, num ambiente hostil, com forte chuva, calor intenso, nervos à flor da pele, jurados cada vez mais apressados em resolver questão rapidamente. E é nesse clima que Lumet conduz sua câmera em uma sucessão de diálogos brilhantes e cortes impecáveis, onde consegue transpor a angústia dos personagens apenas com enquadramentos e closes. Além disso, a fotografia da vida ao ambiente e ajuda a mostrar cada gota de suor das personagens, que ao longo do longa estão cada vez mais tenso e exaustos.
Pois bem, durante o debate são levantada questões de ordem moral, social e técnica que vão dando a cada momento mais força a trama. Você não sabe o que pode acontecer, não sabe qual jurado vai repensar a decisão tomada ou não, mas se envolve, se revolta e se surpreende com algumas das personagens. A final até onde eles podem chegar?
Agora me perdoe, tenho que me furtar de mais informações, por que não quero entrar em detalhes sobre o filme para não atrapalhar quem ainda não viu. Para quem não gosta de filmes de Tribunal, veja este, vai além de um simples julgamento. Para quem gosta do gênero, veja urgente, pois se trata de um clássico definitivo!
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário