Estamos na pele do Mr. Schwartz. Numa atmosfera construída em primeira pessoa — quase um gameplay sádico. Incomodado pelo som alto do vizinho, Schwartz liga para a polícia. Pronto. Daqui adiante começa um encadeamento de acontecimentos que se, não atento, será preciso dar replay várias e várias vezes até entender a sacada do diretor.
Esmiuçando as cenas:
Ato 1: estamos com o policial do distrito. Ele se desloca até o apartamento do Mr. Horlocker (que está bastante aflito) e questiona se o som alto era ali, mas não é muito bem recepcionado pelo inquilino. Recebe um abrupto “NÃO” e uma porta na cara.
Ato 2: ainda no corredor, o policial vai até o outro apartamento... Que pertence ao Mr. Hazen. Toca a campainha e pergunta se ele sabe algo sobre o barulho que foi reclamado. Novamente a resposta é um “Não”. Coisas estranhas acontecem durante a conversa e podemos ver um comprimido que estava no chão sendo sugado e, logo em seguida, atravessando a sala num movimento horizontal na altura da maçaneta. Nervoso com toda a situação, Hazen fecha a porta.
Ato 3: o agente escuta um som alto e corre para verificar — parece que enfim, encontrou o vizinho-baderneiro que procurava. Só que temos uma surpresa, o som é no apartamento de Schwartz que havia telefonado para reclamar.
PAUSA.
Voltemos a fita.
Pouco antes da chegada do policial, Horlocker está praticando algo sadomasoquista — não precisamos entrar em muitos detalhes aqui — sendo observado através de um buraco na parede por dois caras que estão na sala de Hazen. Enquanto tudo isso acontece, temos o policial questionando Horlocker (ato 1). Segundos depois há uma correria pela sala de Hazen — devido ao toque da campainha — e por descuido um líquido inflamável é derrubado e um comprimido cai próximo à porta (temos então o ato 2).
Lembra-se do comprimido que provavelmente era uma droga alucinógena? Pois é, ao atravessar a sala de Hazen ele saiu pela janela e caiu no copo de café do Mr. Schwartz que estava sentado à frente de sua casa. Ele consome a bebida e começa a sentir os efeitos psicodélicos da droga. Atordoado e sem noção da realidade, ele vai para o seu apartamento e liga o rádio num volume alto. Segundos se passam. (Temos o ato 3.)
“O feitiço virou contra o feiticeiro”, essa é frase que cabe bem nesse desfecho. Para ambos os lados. Schwartz é preso, o policial o escolta até a viatura. Mas num ato irracional, um dos caras que estava no apartamento de Hazen se engasga com um cigarro e o companheiro ao tentar ajudá-lo acaba arremessando-o na direção do líquido inflamável. Uma explosão acontece e todos ficam feridos. A cena termina com os personagens em camas num hospital.
Simplesmente fantástico. Essa é a definição para o curta do Stefan Müller.
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