A novidade no MUBI deste longa dirigido por Lukas Dhont veio com tudo!
O isolamento pandêmico tornou-nos mais intimistas, reflexivos. O Cinema pegou muito disso. Veja o caso dos indicados ao Oscar 2023:
Aftersun, Os Banshees de Inishiran, e confira a variação sobre o tema do isolamento e da individualidade filosófica aplicada aos roteiros.
Neste longa, a novidade aqui de Lukas Dhort, diretor já conhecido por outros longas que retratam a nossa relação com a identidade e o afeto como em ‘’O florescer de uma garota’’ de 2018.
A trama central do longa, a amizade entre duas crianças, me elencou muitos questionamentos.
Qual o valor da amizade num mundo onde o contexto do afeto vem sendo questionável? A facilidade do contato com outra pessoa é tremenda, mas será que temos relações, vivencias, estamos criando memoria e vinculo com estas pessoas ou estamos somente encontrando e conversando sobre frivolidades?
Desta questão, me surgiu outra ao longo do filme: onde está o limite do afeto enquanto amizade e enquanto paixão, interesse romântico? Na nossa solitude existencial, cultivamos o afeto para criar significado.
Quanto tempo demora para deixar levar? Quanto do nosso amor é real e não egoísta, no sentido de querer manter o vinculo para preencher nossos próprios vazios? O diretor-roteirista busca esta resposta, num recorte temporal sutil, ao abordar o fim traumático da infância, com o surgimento das emoções da alma humana.
Quando percebemos que em nossas relações o vinculo com o outro precisa de limites? De desapego, de amor-próprio, que o outro não é uma extensão de si, mas, parafraseando Fabricio Carpinejar, que o outro também é um ‘’inteiro que se completa comigo, que também sou um’’.
Minha última brisa de pensamento em relação ao filme é do quanto a solidão em uma relação é tão importante quanto a companhia, mesmo com tantas coisas em comum, que nos atraem cada vez mais as pessoas. Quanto de nós mesmos só nos importa, e precisamos de maturidade para entender e avançar nestes desafios.
Lidar com o amor, com o afeto, é trabalho de adulto, por isso trazer esta reflexão entre duas crianças foi um trabalho tão bonito e genial, usando e abusando de closes e de iluminações sutis e precisas.
Um belo filme sobre a nossa própria maturidade, escondida feito kinder-ovo pela ingenuidade, tão linda e necessária, dos jovens personagens Léo e Rémis do longa.
Não deixem de conferir este belo filme.
Como é maravilhoso existir num mundo em que tem pessoas que ainda buscam significados nos sutis detalhes da vida!
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário