Larry Gopnik se encaixa perfeitamente no conceito de homem politicamente correto, um homem, de fato, sério, como o próprio título já nos traz. Fazer o que é certo implica retribuição por seus atos dentro dos conformes éticos e morais. Não para o nosso protagonista. Podemos acompanhar juntamente com ele, sua vida desmoronar num curto prazo de tempo. Sua esposa pede o divórcio para casar com seu melhor amigo e lhe tira “cordialmente” de sua própria casa; seu filho adolescente se envolve com drogas; é subornado por um aluno e coagido a lhe dar uma boa nota. Enfim, tudo isso e mais inúmeras desventuras da vida começam a lhe tirar o sono. Mas por quê? Ele deveria ser um homem recompensado por seu comportamento ilibado. É em cima desse questionamento que corre toda a trama do filme. Os irmãos Coen com toda sua criatividade e humor negro tentam fazer um ensaio sobre esse tema, porém, não como deveria.
Não só Larry, mas também nós que presenciamos seu aparente mundo perfeito cair frente aos seus olhos, tentamos achar explicações e respostas para todos os infortúnios que acontecem na vida do nosso querido personagem. Ele busca líderes religiosos de sua fé para tentar compreender o porquê de toda essa desgraça, mas sua cabeça fica mais confusa ainda.
Roteiro bem estruturado e forte, mas que não nos prende da maneira que deveria e acaba por deixar o filme com pouco sentido (mesmo que esse sentido seja tornar o filme cada vez mais sem sentido) e vazio. Uma proposta boa, mas que poderia ser bem melhor aproveitada e desenvolvida. Enquanto deveria atrair as reflexões do público para o sentido da vida e as dificuldades que encontramos nela que muitas vezes não têm nem devem ter explicação, faz ele (o público) procurar cada vez mais respostas, perdendo o foco pretendido pelos diretores, e talvez até ficar perturbado ao término do filme que não possui resposta nenhuma (com propósito).
Possui uma boa direção como de costume, e um elenco com ótimas atuações, mas que deixou a desejar no desenvolvimento da história (chamando a atenção para o prólogo desnecessário, que talvez até tenha nexo se você for pensar bastante e procurar piolho em peixe). A produção não deixa de ser boa, mas quando se trata dos irmãos Coen, esperamos um super roteiro e excelente direção com a marca que já conhecemos e identificamos bem, e que possa ser de mesmo nível ou superior a antigas produções da dupla. Não é o que podemos observar em “Um Homem Sério”. Com sentido ou sem sentido um filme deve sempre passar a intenção de quem o fez, para quem o assiste, por mais difícil que seja entendê-la. Dessa vez os Coen não dividiram isso conosco.
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