Uma hora e meia de pura filosofia sobre vida, morte, religião e lembranças passadas. Talvez a maior reflexão cinematográfica já feita.
Ingmar Bergman nunca deixou o nível de seus filmes ficar abaixo de algo excelente, são sempre reflexões que elevaram o cinema ao patamar artístico, são experiências que estão em falta na cinematografia atual. Geralmente é um dos primeiros nomes que os cinéfilos ouvem falar, e sempre bem. Então eles correm para devorar seus longas e a melhor parte é a digestão: assim que sobem os créditos finais, surge a impressão de ter se deparado com o sobrenatural, como algum ser humano é capaz de realizar trabalhos tão magníficos assim? Desde já então passei a saber que algum filme desse cineasta iria me encantar por completo, não sabendo qual. E foi com esse aqui que isso aconteceu.
É incrível observar como em pouco tempo de projeção, de uma sinopse aparentemente simples, Bergman transforma tudo em algo bastante complexo. A construção dos personagens, a forma como são apresentados, com uma cautela incrível que aos poucos vão dominando as mentes mais cultas e exigentes. Vemos assim o desenrolar do enredo e a forma como o diretor tem total controle das cenas, dos cenários e da atuação dos atores. Muitos momentos são sublimes, como o relógio sem ponteiros no sonho do protagonista, muitos diálogos representativos como a discussão entre duas pessoas se Deus existe ou não, retratando a briga por causa de religião. Assistimos à vida de um homem, suas decadências, angústias, preocupações até seu senso de humor através de uma interpretação histórica de Victor Sjöström, que se fosse estadunidence sem dúvida levaria o Oscar.
Sem dúvida não é mais uma pura diversão, muito acima de qualquer entretenimento, é um filme com uma trilha sonora lavadora de almas, principalmente a que toca ao final depois dessa obra de arte maravilhosa reunindo os temas que Bergman mais aborda de maneira mestra. Quem a assistir jamais esquecerá e terá de vontade vê-la de novo imediatamente, pois é bom aproveitar bastante os melhores momentos de nossas vidas.
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