American Pie 2: A Segunda Vez é Ainda Melhor
Com o lucro surpreendente e recepção agradável, não era mistério que uma sequência seria providenciada. E, para minha surpresa, até se sobressai e torna-se algo mais.
O filme já começa certo, como toda a sequência deve fazer. Apresentar brevemente a vida atual dos personagens, sem enrolações e já partindo para dar vida própria ao filme. Ainda que repetições sejam feitas.
Dessa vez, os quatro amigos (e Stifler) estão na faculdade. Com o início do verão, Kevin decide utilizar uma casa litorânea que seu irmão indicou para ter férias inesquecíveis ao lado de seus amigos (e Stifler). Jim, dessa vez, quer reencontrar Nadia e se redimir sexualmente depois do episódio constrangedor com o computador. Oz tenta manter relações com Heather. Finch luta para superar a sua primeira vez com a Mãe de Stifler. Kevin busca reatar com Vicky e Stifler........ bem...... continua a fazer o que sempre fez e fará, o grande epicentro cômico.
O filme comete um erro: muita risada e pouca história. Mesmo assim, a pouca história que tem é eficiente. As linhas de trama de Finch, Kevin e Oz são fracas demais porque não agregam nem nos aproximam dos personagens. Porém, pelo menos, a linha principal (de Jim) é muito bem costurada e bem feita e ainda por cima rende momentos hilários. Além disso, Eugene Levy fazendo mais do mesmo, mas ainda assim engraçado e também se tornando o melhor personagem da série, na minha opinião.
Em matéria de risada, a linha de Kevin é falha; Oz, rende algumas boas; Finch, também, mas irregular. Porém, se fizermos um balanceamento, pode-se dizer que você rirá mais com este filme do que com seu anterior. Além disso, não somente é mais engraçado, mas as piadas vão se lapidando e se juntando mais organicamente ao roteiro. Só não digo que é o melhor roteiro da série, pois o quarto foi o que mais soube conciliar piadas e trama. No entanto, ainda muito eficiente.
Nota-se que também é o filme mais longo da série. E saber disso sabendo que nos divertimos bastante, consegue ainda mais elevar a qualidade em contar em mais tempo (mesmo com suas falhas) e ainda por cima nos lançar para o fora da película satisfeitos.
Se formos listar os momentos mais memoráveis da série. Facilmente, o segundo teria dois: o das lésbicas e Jim no hospital com seu pai. E já ter colaborado tanto assim é mais que suficiente para provar que não foi só mais um capítulo.
Agora, como prometido no texto anterior: profundidade.
Enxerguei o segundo filme como talvez, ao lado do quarto ou um tanto inferior nesse quesito, um dos mais profundos da série. Não. Não é um poço, mas fica longe de ser até um pires mais profundinho. Agora, o foco são as relações. Todos os quatro amigos passam por crises em suas relações e buscam algo novo para as mesmas. E, talvez, a maior mensagem seja: nem tudo que você quer, é aquilo de que você mais precisa. Às vezes, almejamos tanto algo que parece intangível que não nos tocamos de que o que mais precisamos já está ao nosso lado. E American Pie 2 soube muito explorar este lado.
Mas já terminou a profundidade? Como eu disse, não gera uma tese de doutorado de faculdade, mas consegue separar American Pie de muitas comédias adolescentes besteirol que vemos por aí em serem classificadas como anencéfalas. Portanto, já tem algum mérito nesse campo. E olha que nem se trata do mais profundo da série.
🙁 Fazer humor, usando o outro sexo, é no minimo deprimente. As mulheres nada mais são do que objetos sexuais, na visão dos roteiristas. Algumas passagens engraçada, porém, dá a impressão para esses jovens, que o SEXO é tudo. Lastimável.