Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
O principal desafio de fazer uma adaptação cinematográfica são os inúmeros preconceitos que podem ocorrer e os inúmeros problemas que teram de enfrentar ao transpor alguma obra. Afinal, se a adaptação de uma obra que tem problemas em sua narrativa for feita, o filme muito provavelmente vai acarretar estes problemas às telas.
Não li a famosa trilogia de Stieg Larsson em livros, mas é notável que o longa faz de tudo para se manter fiel que até transporta defeitos, mas ainda consegue trazer inúmeras qualidades e mostrar o quão habilidoso David Fincher é na direção.
Uma investigação sobre a suposta morte de uma jovem moça que ocorreu há 40 anos trará revelações assustadoras sobre uma família misteriosa e repleta de um passado marcado por terríveis acontecimentos.
Como diretor, Fincher realiza um pouquinho daquilo que foi feito em A Rede Social e mistura com o clima de Zodíaco. De fato, toda a atmosfera de investigação nos remete ao segundo longa que também era um thriller investigativo, mas a paleta da fotografia nos lembra o premiado longa sobre o Facebook. E Fincher que já havia lidado com uma história de investigação bem maior no longa de 2007 se sai admiravelmente bem ao conseguir fazer com que a grande parte do filme se desenrole sem grandes problemas e de forma envolvente. A condução da trama se sustenta muito bem, mesmo com os problemas de roteiro. E é justamente nesse ponto que tudo fica a perder.
Steven Zaillian escreveu o roteiro de A Lista Schindler que já é uma razão para mostrar que é um escritor com habilidades narrativas. No entanto, aparentemente, não soube balancear a condução de Millennium. Vejamos que o filme começa a apresentar dois personagens com seus problemas individuais até que o foco principal se desvia para somente um, enquanto intercalamos entre a segunda personagem. Quando as histórias se cruzam, o longa adquire sua narrativa principal. No entanto, problemas ocorrem pela falta de impacto ao apresentar a reviravolta principal e também pelos últimos 20 minutos.
Afinal, me pareceu um defeito e tanto da história em querer resolver um caso que já me parecia resolvido e querer ficar tocando nos remendos já devidamente completos só pareceu deixar a coisa mais desnecessária e maçante.
Mesmo com esses defeitos narrativos, ainda há trunfos quanto ao seu elenco. Principalmente, Rooney Mara que, se compararmos a sua Erica Albright, parece que se tornou outra pessoa. Mesmo que seja pelo fato de toda sua mudança visual ter ajudado bastante, ainda é notável que a modificação de atitude, necessária óbviamente, deixou-a completamente diferente.
Mais do mesmo em relação a Daniel Craig que não mostra todo o seu leque de performance que havia como James Bond. Ainda que podemos dizer que Chritopher Plummer e Stellan Skarsgard estejam muito bem em seus papéis, ainda que não permaneçam muito em tela.
Embalado por uma trilha sonora também frenética e contando com uma fantástica abertura esteticamente falando, Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres é um exemplar que tem mais qualidades que defeitos, mas ainda tropeça em pontos narrativos que o colocam a perder bastante. Mas ainda vale o preço do(a) ingresso/locação.
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