A mulher sendo o ponto central é como o diretor F.W Murnau decide nos apresentar “City Girl”. E como o título pode sugerir, nos propõe uma inversão do clássico sonho americano. Ao invés de chegar à cidade com a mente cheia de sonhos, Kate, nossa protagonista, deixa a cidade grande e parte para a vida no campo em busca de uma rotina pacata com seu recém-casado marido.
É com essa premissa que Murnau propõe uma narrativa que abrange diversos aspectos e questões provindas da feminilidade. Os olhares e cantadas desrespeitosas, o constante julgamento familiar e as imposições morais que Kate recebe são o motor para a trama avançar. O diretor alemão utiliza a trilha sonora com maestria, visto que no cinema mudo a sonoridade é vital para o ritmo do filme, o primeiro ato é agitado e a música acompanha esse dinamismo. Quando vamos para o campo, o filme desacelera e passa a ser mais solene, transmitindo que o sonho do matrimônio rapidamente se tornou um pesadelo.
Em terras americanas, o célebre diretor alemão fez um belo e cauteloso panorama do papel da mulher na sociedade, que no contexto histórico, se mostra necessário desde os primeiros segundos de vídeo, com o nome do astro Charles Farrell surgindo na tela muito maior do que de Mary Duncan, mesmo sendo ela a intérprete da personagem-chave para a trama e até mesmo título da obra.
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